TSE volta atrás e Alckmin sai enfraquecido do episódio

O episódio protagonizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seu presidente, ministro Marco Aurélio Melo, produziu um verdadeiro caos no sistema partidário, na véspera de convenções programadas para referendar alian&c

A regra da verticalização eleitoral voltou a ser a que vigorou em 2002. Ou seja, os partidos que não lançarem candidatos à presidência da República estão livres para se aliarem a quem bem entenderem nas campanhas estaduais.

Em política, porém, não existem gestos, palavras ou fatos ociosos. A reviravolta que a decisão anterior provocaria no sistema de alianças nas esferas nacional e estadual fez aflorar conflitos latentes até então.

Este é o caso da aliança PSDB-PFL. No PFL, dirigentes do partido passaram logo a cogitar saídas para a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, sob o argumento de que ela está se mostrando eleitoralmente inviável. "Já estamos fora do jogo", afirmou um notável pefelista.
Nesta quinta-feira (8), enquanto aguardava a nova decisão do TSE, foi a vez do ex-prefeito José Serra vir a público reclamar da condução da candidatura por seu próprio partido. Serra explicitou somente o que já corria solto nos bastidores da campanha sobre o abandono de Alckmin. O grupo de Serra tem sido incluído entre os tucanos "que fazem corpo mole", mas os serristas botam a culpa em Alckmin, que seria um centralizador "que não confia em ninguém".
 

O governador mineiro, Aécio Neves, também é apontado como "desinteressado" da eleição presidencial, embora seja em Belo Horizonte que Alckmin será oficialmente consagrado neste domingo (11). Para Aécio, a situação de Alckmin parece indiferente. As pesquisas eleitorais mostram que o voto predominante em Minas poderá ser a dobradinha Lula/Aécio e não, como seria de esperar, Alckmin/Aécio.

Aproximação indesejada

Serra certamente não dá abrigo a esse tipo de comportamento. Crucificar Alckmin poderá levá-lo igualmente à derrota se o PT conseguir levar a eleição paulista para o segundo turno. Os políticos não escolhem cor de voto. É o que dizem analistas do PSDB preocupados com a situação, especialmente porque os destinos de Alckmin e Serra podem estar mais ligados do que Serra gostaria.

Na hipótese da vitória do presidente Lula logo no primeiro turno, seguramente ele jogará todo o peso da conquista para impor "a derrota total" ao PSDB paulista. O sinal de que esse plano estratégico está em andamento foi o anúncio da candidatura a governador de Orestes Quércia, pelo PMDB, papel que ele desempenharia como parte de um acordo de bastidores feito com Lula.
O ex-governador Geraldo Alckmin – cuja vantagem competitiva era justamente o conjunto de palanques fortes entre seu partido, o PFL, o PPS e setores do PMDB – assistiu sua candidatura perder substância no episódio do TSE. Para reverter esse cenário, ele conta apenas com a propaganda do PSDB que estará no ar até o final do mês. É pouco, mas é o que ele tem neste momento.

Com Agência Estado