UE critica Fifa por falta de ação contra a prostituição

O comissário europeu de Segurança, Liberdade e Justiça, Franco Frattini, responsabiliza a Fifa pela falta de medidas para impedir o aumento da exploração de mulheres por máfias da prostituição forçada duran

Fratini compareceu nesta segunda-feira no Parlamento Europeu de Estrasburgo para responder a críticas e perguntas dos deputados sobre a passividade da União Européia diante do risco de um aumento no número de vítimas desse tipo de abuso durante o mundial, denunciado por vários grupos políticos e organizações não governamentais em todo o mundo.

Em seu discurso, o comissário criticou o que chamou de "frieza" da Fifa na resposta ao pedido da Comissão Européia para que colocasse em sua página na Internet "informação concreta a fim de sensibilizar o público" a respeito do tráfico de mulheres para a prostituição.

Na ocasião, o presidente da federação, Joseph Blatter, afirmou que o assunto é um problema do governo alemão e que a instituição "não pode intervir em assuntos internos de um organizador da Copa do Mundo".

Perguntado sobre que medidas a UE colocou em prática para combater a intensificação do problema durante o campeonato, Frattini afirmou que a polícia européia está realizando "centenas de controles" nas estradas que ligam a República Tcheca e a Polônia à Alemanha.

"É difícil entrar em detalhes com temas policias, mas posso afirmar que nesses últimos meses, nas centenas de controles realizados, detivemos aos responsáveis por muitas máfias que se dirigiam à Alemanha para participar do mundial", disse.

A medida, ele garante, "está reduzindo o impacto potencial do tráfico de mulheres". "Vocês verão quando lerem o informe que vamos elaborar depois da Copa", completou.

Segundo o comissário, o combate ao problema deve levar em conta ações em médio prazo, já que "não se trata de uma situação trágica produzida de repente, com motivo da Copa do Mundo". "É uma forma de escravidão que já afetava e seguirá afetando a milhares de jovens e mulheres. Obviamente, não devemos nos restringir a este momento".

Frattini se disse favorável às propostas dos parlamentares, que pediram o lançamento de uma campanha intensiva de informação para prevenir possíveis vítimas e a criação de uma linha telefônica única européia para prestar auxílio às mulheres exploradas. Entretanto, afirmou que as medidas terão que esperar pelo próximo orçamento da União.

"Não se pode fazer nada agora pois o orçamento deste ano já está fechado, mas acredito que (essas medidas) poderão ser aprovadas para o orçamento de 2007, já que são ações em médio prazo", explicou. Também concordou que o problema do tráfico de mulheres deve ser desvinculado da imigração ilegal.

"Não se pode misturar, porque aqui as vítimas são vítimas e não imigrantes ilegais. No caso da prostituição forçada existe o direito a receber ajuda dos Estados membros", disse. De acordo com um documento elaborado pelos parlamentares socialistas e entregue a Frattini na semana passada, durante a Copa da Alemanha "muitas mulheres serão enganadas com promessas de trabalho e logo serão obrigadas a se prostituir".

Entre elas, dizem os deputados, estarão adolescentes entre 14 e 17 anos, provenientes do Leste Europeu, África e América Latina, inclusive do Brasil. Diversos grupos políticos e organizações não governamentais estimam que o número de mulheres vítimas desse tipo de exploração pode chegar a 40 mil durante o mundial.

"É nossa responsabilidade civil e se não o fazemos seremos cúmplices das redes de exploração", afirmou a deputada Anna Zaborska, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu.

Com agências internacionais