Anistia denuncia EUA e UE por cumplicidade em vôos ilegais com prisioneiros

A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quarta-feira Estados Unidos e União Européia por cumplicidade no transporte em vôos ilegais da CIA sobre território europeu. A organização também exigiu que os países eu

Em um relatório endereçado aos líderes da União Européia (UE), que se reúnem na quinta e sexta-feira, a organização disse que considera bastante verídicas as as acusações de que a espionagem americana, instrumentalizada pela CIA realizou vôos ilegais transportando prisioneiros e que os governos europeus sabiam disso.

"Há indícios irrefutáveis sobre a cumplicidade européia na prática ilegal das rendições (a entrega de prisioneiros de um país para outro)", afirmou a Anistia em uma carta.

"O Conselho Europeu precisa colocar fim a essa atitude de 'não vejo nada, não escuto nada', atitude que tem prevalecido até agora", afirmou a AI, referindo-se à cúpula da UE.

O grupo pediu aos líderes do bloco que declarem, no encontro desta semana, que os chamados vôos de rendição são "inaceitáveis" e que garantam a ausência de tais vôos no espaço aéreo e nos aeroportos da UE.

A AI recomendou aos dirigentes do bloco que discutam o assunto com o chefe da Casa Branca, George W. Bush, quando se reunirem com ele na cúpula de 21 de junho, em Viena. Segundo o grupo, a credibilidade da UE está em jogo.

O relatório chega, em linhas gerais, às mesmas conclusões já divulgadas por parlamentares europeus na segunda-feira e pelo Conselho da Europa na semana passada. Segundo o Conselho da Europa, mais de 20 países, em sua maioria europeus, foram coniventes com a "rede global" de vôos e prisões secretas da CIA envolvendo acusados de terrorismo. Segundo a organização, a rede se estende da Ásia até a baía de Guantânamo.

Em um novo relatório divulgado na quarta-feira, o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, disse que informações adicionais fornecidas por países-membros confirmavam que muitas nações não teriam as salvaguardas necessárias para impedir a violação de direitos humanos realizada por agentes estrangeiros.

A AI relatou seis casos de tortura envolvendo a CIA e sete países — a Alemanha, a Itália, a Suécia, o Reino Unido, a Bósnia, a Macedônia e a Turquia.

Com agências internacionais