Polícia Federal recebeu originais da Lista de Furnas

O lobista Nilton Monteiro entregou à Polícia Federal, em 5 de maio, os originais da chamada "lista de Furnas", assunto que está sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal. A lista contem nomes de 156

O Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal atestou ser verdadeira a relação de supostos beneficiários por R$ 40 milhões do caixa dois de Furnas Centrais Elétricas na campanha eleitoral de 2002.

A perícia – feita em cinco páginas do original da Lista de Furnas entregue pelo lobista Nilton Monteiro ao órgão no dia 5 de maio – aponta veracidade em partes estruturais do documento, como a logomarca da hidrelétrica em papel timbrado, a impressão originada em uma mesma impressora e, principalmente, a assinatura e rubricas do ex-diretor da empresa, Dimas Fabiano Toledo.

A confirmação foi dada pelo delegado Praxíteles Fragoso Praxedes, da Polícia Federal em Brasília, por meio da assessoria de imprensa do órgão.

Praxedes, porém, não confirmou se o conteúdo do documento – em que aparecem 156 candidatos a deputados estaduais, federais, governadores de Estado e até a presidente da República, a maioria do PSDB e PFL – também é verdadeiro.

Foi o próprio Monteiro quem entregou ontem (14) à imprensa cópia do "Auto de Apresentação e Apreensão" emitido pela PF, uma espécie de recibo pela entrega da lista. O documento da PF não atesta se se trata dos originais ou não. Foram entregues cinco folhas da lista de Furnas.

Lista verdadeira

Em depoimento à PF, em janeiro, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que a lista é verdadeira e que recebeu R$ 75 mil.

Monteiro disse hoje que não apresentou antes a lista original porque queria mostrá-la "ao vivo e a cores" à CPI dos Correios.

"Não apresentei porque queria ser ouvido pela CPI. Queria entregar ao vivo e a cores desde agosto do ano passado. Não me ouviram. Eu esperei", disse Monteiro.

Ele compareceu hoje ao Juizado Especial Cível, em Belo Horizonte, para uma audiência em um processo que 11 deputados estaduais mineiros movem contra ele e Luiz Fernando Carceroni, um militante do PT, por danos morais. Os deputados os acusam de terem divulgado uma "falsa lista de Furnas".

Monteiro disse que estão tentando "denegrir" a sua imagem. "Eu vou provar que não estou mentindo", disse ele, acrescentando que ele já denunciou outras irregularidades e que tudo foi provado.

Até as últimas consequências

"Eu vou até as últimas conseqüências. Vou provar tudo o que eu falei. Denunciei no Espírito Santo. Denunciei o esquema do Azeredo, tudo sempre comprovado. E o de Furnas já tem muita coisa. Essa era a peça que faltava", disse ele, referindo-se ao documento entregue na PF.

O esquema que ele denunciou no Espírito Santo, em 2001, foi sobre supostas irregularidades praticadas no governo de José Ignácio Ferreira, então no PSDB.

Ele denunciou também o uso de caixa dois na campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), durante a sua tentativa de reeleição ao governo de Minas em 1998. Essa investigação é tocada pela PF.

Sobre o processo que os deputados movem contra Monteiro pela divulgação da lista, ele disse que os deputados deveriam processar o ex-diretor de Furnas. Carceroni, por sua vez, negou ter divulgado a lista. Segundo ele, apenas repassou a lista que recebera para as autoridades, pedindo que a lista fosse investigada.

Da redação,
com informações das agências