Para Lula, oposição age como “jogador malandro”

Em evento promovido hoje pela UJS na Academia de Tênis, em Brasília, o presidente Lula falou para mais de mil jovens sobre o "ódio" e a "inveja" da direita, os avanços na educação e disse que o estado d

No ato político do 13º Congresso da UJS, realizado nesta tarde na Academia de Tênis, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as artimanhas da direita às táticas de um jogador de futebol malandro, que "fica o tempo inteiro provocando o adversário" até que "o outro fica nervoso, faz uma bobagem e acaba sendo expulso". A afirmação foi feita diante de um auditório lotado com cerca de mil jovens.

Ainda sobre a ofensiva conservadora, Lula declarou não saber a razão de “tanto ódio, tanta inveja”. “Antigamente falavam que nós [da esquerda] éramos assim. Quem foi deputado constituinte comigo, no entanto, viu como a gente sofreu. Agora, o que nós percebemos é que há certa inquietação no cumprimento da regra do jogo democrático no país por parte deles”, disse.

“Se nós perdermos o tempo da política, também podemos perder o tempo da oportunidade”, disse Lula, para quem “o processo de mudança num país com as dimensões do Brasil, com uma oligarquia e uma aristocracia bem plantadas na política ao longo de 500 anos, precisa ser levado muito a sério” e ser feito com “maturidade”.

Dirigindo-se a Renato Rabelo, Lula afirmou que “houve grande indignação por parte de alguns setores neste país ao perceberem que, mesmo batendo na gente durante um ano e meio, eu subi nas pesquisas enquanto eles desceram. Para Lula, isso se deve à percepção que a população tem sobre sua gestão. O presidente enfatizou que “o povo conseguiu perceber que hoje pode comprar um pouco mais de comida, que pode fazer mais uma reforminha em sua casa”.

Também participaram do ato os ministros da Educação e do Esporte, Fernando Haddad e Orlando Silva, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o deputado Inácio Arruda, o presidente da UNE, Gustavo Petta, o secretário nacional de Juventude, Beto Cury, o Secretário da Identidade e Diversidade Cultural, Sérgio Manberti, o jornalista Arthur Poerner, além de representantes de entidades do movimento estudantil.

Novos ares na educação

Lula falou sobre algumas das realizações de sua gestão à frente do governo federal, como a criação de quatro novas universidades federais, a transformação de seis faculdades em universidades e a implantação de 42 extensões universitárias. Indiretamente, Lula criticou a gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo ao dizer que naquele estado “apenas 18% dos estudantes universitários estão na rede pública”. “São Paulo está mais privatizado do que a média nacional, que é de 65%”.

O presidente, dirigindo-se a Renato Rabelo, disse que o país vive um momento “excepcional” de retomada do crescimento e lamentou a ausência de figuras como João Amazonas e Miguel Arraes.

Democracia à brasileira

Para falar da crise política gerida pela oposição, Lula recordou de outros momentos da história nacional em que mandatários à frente da Presidência sofreram golpes de setores conservadores. “Getúlio governou com mãos de ferro entre 1930 a 1945. Retornou ao poder em 50 nos braços do povo. E ‘apanhou’ tanto que foi levado à morte”.  Ao falar de Juscelino Kubitschek, classificou o presidente como “um sonhador que a direita não queria”, mas que hoje “está recuperado aos olhos da nação como um grande presidente”. E completou em tom de comparação com o cenário atual: “tentem recuperar os jornais da época para ver quantas vezes Juscelino foi chamado de ladrão e quantas vezes tentaram derrubá-lo”.

Lula ironizou a tática acusatória dos setores mais conservadores da política nacional ao dizer “os meninos governaram este país por tantos anos. Eu não quero nada. Eu só quero no final do ano poder comparar tudo que eles fizeram com o que nós fizemos”. E citou “o crescimento econômico, a distribuição de renda, os programas sociais, a educação, a construção de habitações, a geração de empregos, os acordos com os movimentos sociais” como vitórias alcançadas durante sua administração. “A consagração, para um governante democrático, é, ao terminar o seu governo, ver consolidada a relação entre o Estado e a sociedade”. Depois, lembrou que “as obras que precisamos construir para o Brasil” não vão levar “quatro, oito nem doze anos, mas uma geração inteira”.

Bolívia

Com relação ao episódio envolvendo Brasil e Bolívia por conta da nacionalização dos hidrocarbonetos, Lula lembrou que “aqueles que sempre se subordinaram às grandes potências queriam que o Brasil fosse duro com a Bolívia e que o presidente Lula fosse para cima de Evo Morales”. Em tom de brincadeira, Lula disse: “Nunca consegui imaginar um metalúrgico do ABC brigando com um índio da Bolívia”. “Sei da gravidade dos problemas da Bolívia, da miséria que enfrenta e não vai ser contra a Bolívia que o Brasil vai mostrar sua força. Não queremos relações hegemônicas, mas parcerias com nossos companheiros da América Latina”.

Durante o ato, Lula foi homenageado com a medalha Castro Alves, entregue ao presidente pela vereadora Manuela D’Ávila, de Porto Alegre, e Aliado G, do movimento hip hop. Lula também ganhou uma camiseta “Torcida Socialista”, da UJS.

De Brasília,
Priscila Lobregatte