Evo Morales rechaça autonomia de departamentos

O presidente da Bolívia se declarou hoje contrário à autonomia dos nove departamentos que formam o país e denunciou que a consulta popular sobre o tema é impulsionada pelas oligarquias regionais.

"As autonomias defenderam o federalismo e agora querem autonomia para continuar controlando o poder, para continuar traficando terras, para continuar explorando os recursos naturais", disse o presidente duas semanas antes da votação sobre a autonomia, promovida inicialmente pelas forças políticas opositoras da província de Santa Cruz, centro econômico da Bolívia.

 

Essa votação se realizará em 2 de julho, paralelamente a eleição dos 255 deputados para a Assembléia Constituinte para a qual estão convocados 3,7 milhões de cidadãos do país que tem 9 milhões de habitantes. "Não vamos fazer campanha pela autonomia. Eu cumpri a minha parte. Temos feito com que se aprove no Congresso a lei que convoca a consulta", mas que o povo decida a favor ou contra, destacou o presidente.

 

Evo falou no último domingo diante de milhares de pessoas reunidas na região de Irupana, norte do país, onde também esteve o secretário de Desenvolvimento Rural e Agropecuário, Hugo Salvatierra. Além da separatista e riquíssima Santa Cruz, líderes políticos e setores empresariais dos departamentos de Tarija, Beni e Pando respaldam a iniciativa autonômica. No departamento amazônico de Pando, o partido dominante é o direitista Poder Democrático e Social, encabeçado pelo ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002).

 

Durante um comício em Irupana, o ministro afirmou que os setores que promovem a autonomia provincial "buscam dividir em 60% o território nacional", e questionou: "De que serve essa autonomia se os poderes dos poucos ricos que governaram 180 anos deste país não deram ao povo o direito de saber ler nem escrever, segurança social, medicina gratuita, o despojaram de suas terras, os massacraram e os exploraram durante esse tempo?"

 

Em Irupana, zona localizada na região dos Yungas de La Paz, Evo inaugurou no domingo um projeto de industrialização de folha de coca para a qual o governo da Venezuela dispôs 125 mil dólares. O objetivo é produzir refrescos, chá e outros produtos. Com 27 mil hectares dedicados a seu cultivo, Bolívia é o terceiro produtor depois da Colômbia e do Peru.

 

Em Oruro, líderes aymaras da Bolívia, Chile e Peru começaram hoje uma reunião para trocar experiências sobre administração municipal. A reunião dos "ayamaras sem fronteiras", que reúne 400 autoridades indígenas e 20 prefeitos e conselheiros, tem o objetivo de criar projetos conjuntos nos três países com população aymara.

 

Por outro lado, os ministros bolivianos sairam às ruas para explicar aos bolivianos as atividades que realizam e os detalhes do Plano Nacional de Desenvolvimento apresentado na sexta-feira. Os ministros participaram de uma feira de rua que se realiza todos os domingos em uma avenida central de La Paz, onde acontecem os festivais culturais e musicais. Esse tipo de "contato direto com a população", sem precedente, será permanente e se realizará também em outras cidades do país, segundo fontes oficiais.

 

O ministro de Desenvolvimento Econômico foi o mais requerido para responder perguntas sobre o plano econômico, com o que Evo espera criar 90 mil empregos ao ano, atingir um crescimento anual de 7,6% e chegar a níveis de investimento na casa dos 12.700 bilhões de dólares em cinco anos.

 

Da Redação

Com agências.