Alckmin não quer fazer a defesa do governo FHC, diz Tarso

Em tom irônico, o ministro Tarso Genro disse hoje que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é "um homem de muita coragem" ao comparar sua administração  ao governo Lula. "Um presidente que chega no fim do

O ministro das Relações Institucionais e coordenador político do governo, Tarso Genro, disse nesta segunda-feira (26) que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi corajoso ao aceitar o debate com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque seu governo terminou mal, com a economia estagnada, juros altos, dívida pública quadruplicada e exportações sem financiamento. Segundo Tarso, o fato de FHC ter feito ele mesmo a defesa de seu governo mostra que o candidato tucano Geraldo Alckmin não quer se responsabilizar por possíveis erros do governo de seu colega de partido.

"Tirando a parte avícola, FHC teve uma postura corajosa de aceitar as comparações. E se aceitou, pode-se tirar duas conclusões: que Alckmin não quer se responsabilizar pelo governo FHC, e que FHC quer fazer a colagem em Lula", disse Tarso.

O ministro avisou que Lula vai continuar fazendo as comparações com o governo tucano, que vai mostrar o que fez de bom, mas não vai usar linguagem como a de FHC, que acusou o governo petista de "cacarejar sobre os ovos postos por outros", numa referência aos comentários do petista de que o país está melhor sob seu comando.
"É uma comparação avícola. Está dentro do direito das pessoas fazer metáforas, mas não vamos usar esse tipo de linguagem porque ela pode ajudar a rebaixar o debate político", disse o ministro.

Genro também reagiu às acusações do ex-presidente de que o governo Lula é corrupto. O ministro repetiu o argumento de que o governo Lula aceitou as CPIs instaladas no Congresso contra ele – na estareira da crise desencaradeada com as denúncias de existência de um suposto mensalão e de caixa dois petista – enquanto Fernando Henrique impediu a criação de CPIs para investigar sua gestão.

Brigas no ninho

Mas o problema de Alckmin não é apenas com a “herança maldita” do ex-presidente FHC. O candidato presidencial e o ex-prefeito da capital, José Serra, também andam às turras. Ontem, durante a convenção estadual do PSDB-SP, eles tentaram minimizar o constrangimento da véspera, quando o ex-governador ameaçou até faltar à convenção. Segundo tucanos, Alckmin se irritou com a falta de empenho de Serra em pedir votos para ele na convenção do PTB, realizada no sábado.

Alckmin também reclama de ser excluído do processo de escolha do vice de Serra, que estaria manifestando preferência pelo deputado Alberto Goldman.

Para acalmar os ânimos, tucanos propuseram um encontro entre os dois ainda para a noite de sábado. Como Alckmin alegara outro compromisso, a reunião só aconteceu no início da tarde de ontem, na sede do PSDB.

Os serristas lembram que, ao contrário de 2002, quando Alckmin omitia o nome de Serra na propaganda, o material de campanha deste terá o nome do primeiro.

Além disso, Serra espera a decisão do PFL sobre o nome para o Senado. O escolhido, Guilherme Afif, não foi à convenção. Serra recebeu o prefeito de São Bernardo, Willian Dib (PSB). Ele disse que trabalhará por aliança formal com Serra, mas reconheceu: "Está muito difícil".

Bancada descontente

E os problemas internos não param por aí. Os candidatos tucanos à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa foram pressionados pela cúpula do PSDB a aceitar a coligação proporcional com o PFL, seu parceiro histórico. Com isso, votos destinados ao PSDB vão beneficiar também candidatos do PFL ao Parlamento. Como os tucanos, à frente do governo paulista por quase 12 anos, têm mais representatividade no Estado, os pefelistas esperam aumentar suas bancadas, dificultando a vida do parceiro eleitoral.

Os tucanos já temem que "estrelas" do partido fiquem sem mandato a partir de 2007 por conta da proporcional. Para a Câmara, por exemplo, os cálculos mais otimistas estimam em 110 mil votos o piso necessário para quem candidato se eleja.

Mas os termos da coligação foram impostos pelo PFL para aceitar a união sem ter o direito de indicar o vice de Serra.

O temor da cúpula da campanha de Serra é que a insatisfação dos candidatos a deputado esfrie as bases do partido, especialmente no interior, onde as rivalidades regionais estão acima das coligações.

Em 2002, tucanos e pefelistas se uniram para eleger Geraldo Alckmin governador e Cláudio Lembo (PFL) seu vice, mas mantiveram as siglas separadas na disputa legislativa.

Os tucanos também estão descontentes com Lembo (PFL), sucessor de Alckmin no Bandeirantes. Eles o acusam de privilegiar pefelistas na liberação de emendas e verbas.

Outro problema a ser aparado por Serra, líder nas pesquisas de intenção de voto, diz respeito a seu vice. Até o início da tarde de ontem, ele ainda não havia definido quem ocupará o posto e tentava uma aliança com Orestes Quércia (PMDB). Nesse caso, o PFL indicaria o candidato ao Senado da chapa e o PMDB também entraria coligação proporcional, o que dificultaria ainda mais a eleição dos tucanos para o Parlamento.

O argumento dos deputados tucanos é que estão sendo sacrificados para eleger Serra.

Da redação,
Com informações das agências