Gerente em SC: “Que hora desgraçada para tu ficar grávida”

Quatro trabalhadoras foram sumariamente humilhadas pelo gerente de produção e por uma supervisora da Cargill, na última terça-feira (20/6), em Forquilhinha (SC). Denise Antonio Manoel, Suzana Genuíno Gomes, Eliane Stanger e Luciana –

Na "conversa", o gerente de produção e uma supervisora queriam que as quatro trabalhadoras voltassem para a produção. Elas se negaram a sair do refeitório sem a autorização médica por escrito. Como isso não ocorreu, o gerente as chamou em sua sala e desceu o verbo, humilhando-as sem a mínima preocupação de que ali estavam três futuras mães.

Não bastasse a pressão psicológica, a supervisora disse, em seguida, para Eliane: "Que hora desgraçada para tu ficar grávida, hein?". Revoltadas, as funcionárias procuraram o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Criciúma e Região e afirmaram que o tratamento é comum às mulheres grávidas na empresa. O sindicato entrará com ação judicial contra a Seara/Cargill e contra os dois representantes da empresa.

A direção da entidade também repudiou a atitude da multinacional: "Será que os chefes fazem isto com suas esposas ou será que essa supervisora não sabe o que representa uma gravidez?", questiona o secretário-geral do sindicato, Célio Elias.

Mais denúncias
Sindicatos filiados a Contac/CUT que têm a empresa Cargill na sua base entregaram informativos na quinta-feira (22/06), denunciando todas as barbáries cometidas pela empresa. Em Forquilhinha, Jaraguá do Sul, São Miguel do Oeste (SC) e Sidrolândia (MS), foi entregue aos trabalhadores um material que relata as últimas barbáries e desrespeitos aos trabalhadores, inclusive com dirigentes sindicais.
"Os trabalhadores conheceram as realidades de outras unidades da Cargill. Eles perceberam que os maus-tratos e truculências são em todo o País", relatou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Criciúma e Região, Renaldo Pereira. "O que acontece aqui em Forquilhinha é o mesmo que acontece em todas as unidades da Seara/Cargill no Brasil. A multinacional acha que está acima de qualquer coisa, até das leis que protegem os trabalhadores em nosso país".
Apesar das inúmeras denúncias registradas n país, a multinacional Cargill mantém essa política desumana. Na unidade de Jaraguá do Sul, no final do ano passado, submeteu cinco trabalhadores a cárcere privado, para não participarem da greve que estava acontecendo na empresa. A empresa também é acusada de outras barbáries, como encher a unidade de seguranças e pôr lona preta em frente à instalação.
No início deste ano, foram demitidas trabalhadoras grávidas, com doenças profissionais, cirurgia marcada e outros problemas. Em São Miguel do Oeste, a empresa demitiu o dirigente sindical Neomar Capelesco, mas foi obrigada pela Justiça a reintegrá-lo. No MS – Sidrolândia, trabalhadoras enfrentam problemas em relação ao ritmo de trabalho de "companheiras que não conseguem segurar os filhos ou varrer a casa", relata a dirigente sindical Lucieni Leni Ferreira.
Já em Forquilhinha se age de forma semelhante a essas cidades. A empresa, além de trabalhar com temperaturas abaixo do que é permitido, abusa da truculência e desrespeito aos trabalhadores. Prova disso é quando demitiu as trabalhadoras que não agüentavam mais de tanto frio e saíram para esquentar as mãos e do caso da funcionária Valdirene que está inválida aos 35 anos. Contudo, as humilhações e desrespeito continuam.