Coligação de centro-esquerda terá candidato único ao senado de Minas

Atendendo a um apelo feito pelo PMDB e por outros partidos da coligação que lançou o petista Nilmário Miranda ao governo do Minas, o PCdoB decidiu retirar sua candidatura ao senado, referendada no último sábado. Desde o início do ano,

Atendendo a um apelo feito pelo PMDB e por outros partidos da coligação que lançou o petista Nilmário Miranda ao governo do Minas, o PCdoB decidiu retirar sua candidatura ao senado, referendada no último sábado. Desde o início do ano, o PCdoB vinha reivindicando uma vaga na chapa majoritária, tendo apresentado o nome da ativista dos direitos humanos e presidente do Comitê da capital, Gilse Cosenza. Na semana passada, depois da definição de que o PT não teria candidato ao senado, os comunistas colocaram o nome de Gilse à disposição da coligação.

A partir daí, várias considerações têm sido apresentadas por membros dos partidos aliados, principalmente do PMDB, que lançou para o posto o ex-governador Newton Cardoso. A pressão era no sentido de que a coligação apresentasse apenas um nome para a disputa.

Nesta terça-feira, a comissão política do PCdoB recebeu, em sua sede, uma comitiva formada pelos membros da executiva do PMDB, que entregaram uma nota clamando pela unidade na coligação formada ao longo destes meses e que dará sustentação a campanha do presidente Lula no estado. “Fazemos aqui um apelo, para que caminhemos com uma só candidatura”, disse o líder dos peemedebistas na Assembléia Legislativa, Adalclever Lopes. Após a saída dos visitantes, a CP definiu, por unanimidade, que a unidade seria fundamental para enfrentar o governador Aécio Neves e principalmente desenvolver uma grande campanha de Lula no estado.

Unidade
Um dos argumentos apresentados na nota era de que os comunistas mineiros seguissem o exemplo do ex-ministro Eunício Oliveira, que no Ceará abriu mão da disputa para senador apoiando a candidatura do comunista Inácio Arruda. A deputada Jô Moraes, presidente do comitê estadual, afirmou que o que mais pesou para retirada no nome foi o compromisso com a unidade e que “não seria o PCdoB, que sempre defendeu este princípio, que dificultaria o processo”. O vice-presidente, José Vieira Zito, enalteceu o que para ele foi um “feito histórico” da política mineira. “O desenho que se deu em Minas é um dos mais importantes para a campanha do presidente Lula, pois é o principal estado em que o PMDB está em uma aliança formal com o PT e o PCdoB”.

 

Uma das principais lideranças dos “autênticos” do PMDB mineiro e candidato a vice-governador, Zaire Resende, argumentou sobre a importância da aliança entre os partidos de centro-esquerda em Minas, situando o quadro político da América Latina vive um momento muito especial, “com o crescimento da esquerda em vários países. Lula representa este momento no Brasil. Críticas podem ser feitas ao seu governo, mas ele é que representa o que há de mais avançado”. Ao se referir à disputa estadual, Resende pontuou que “em Minas queremos fazer parte deste momento e a proposta aqui é de uma coligação de centro-esquerda, além de eleitoral, que elabore um projeto para nosso estado”. Para Zaire, que é ex-prefeito de Uberlândia, a presença do PCdoB é fundamental para que a aliança tenha realmente caráter de esquerda. 

Um dos que demonstraram maior empolgação com a coligação entre PT, PMDB, PCdoB e outros partidos menores foi o deputado estadual do PMDB, Antônio Júlio. Para ele, os tucanos achavam que estavam tranqüilos, mas agora vão ter que correr para ganhar a eleição para governador. Para ele, o        “endeusamento de Aécio Neves transformou a política em um negócio. Achavam que mandavam no PMDB e que iríamos participar disso, mas vamos eleger o Nilmário Miranda governador”. Júlio ressaltou que o PMDB acredita mais nisso que o próprio PT e que tem setores do Partido dos Trabalhadores que “trabalham mais para o Aécio que para o nosso lado”.

Divisão petista
A disputa pela candidatura ao senado se tornou uma novela que só terminou no dia das inscrições das chapas no TRE. Na sexta-feira, 30 de junho, foi realizada a reunião do Diretório Estadual do PT para definir o seu posicionamento nas chapas majoritárias e proporcionais.

Depois de várias votações, interrupções, pausas para articulações, inclusive com o PMDB, os petistas definiram em não lançar candidato ao senado, apoiando Newton Cardoso, nome aprovado na convenção dos peemedebistas. Nilmário, que como presidente do PT foi o articulador da aliança, chegou a ameaçar renunciar a sua candidatura se o acordo de ceder a vaga para o PMDB não fosse cumprido.

Nesta terça, uma última tentativa foi feita por parlamentares petistas, que apresentaram uma carta pedindo que fosse reconsiderada a decisão. Porém, a direção do partido no estado informou que a deliberação não seria revogada. Com a retirada do nome do PCdoB, a chapa de Nilmário, que tem o peemedebista Zaire Resende na vice, tem como único candidato ao senado, Newton Cardoso.

Ninho tucano

O governador Aécio Neves também teve dificuldade em fechar a sua chapa. Depois de uma intensa pressão do PFL, Neves foi obrigado a retirar a já anunciada candidatura da prefeita de Três Pontas, Adriene Andrade (PL), ao Senado. Depois de quatro dias de intensas negociações com o PL e o PFL, o governador anunciou o nome do presidente do PFL mineiro, Eliseu Resende, como o novo candidato. O marido de Adriene e atual vice-governador, Clésio Andrade, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, será o primeiro suplente de Resende.

De Belo Horizonte 
Kerison Lopes