Rússia e China se opõem a resolução contra Coréia no CS

A Rússia e a China se opuseram nesta quarta-feira a qualquer resolução do Conselho de Segurança que estabeleça sanções sobre a República Popular da Coréia (RPDC), dizendo que é preferível uma de

A afirmação foi feita pelo embaixador francês Jean-Marc de la Sabliere, presidente de turno do Conselho. Sabliere deu uma breve coletiva de imprensa ao concluir a reunião de urgência do Conselho de Segurança, dedicada á questão aberta pelos testes de sete mísseis pela Coréia do Norte, entre terça e quarta-feira..

Em resposta a uma pergunta sobre eventuais sanções contra Pyongyang, o representante permanente da Rússia, o embaixador Vitaly Churkin, considerou que "é necessária uma mensagem forte e clara do Conselho de Segurança», mas rejeitou qualquer idéia de sanções.

China preocupada

Mais cedo, a China disse que está "seriamente preocupada" com o múltiplo lançamento de mísseis feito pela RPDC, pedindo calma aos países envolvidos na crise, disse o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores citado pela agência Xinhua.

"A China está seriamente preocupada com as tensões causadas pelo lançamento de mísseis de teste pela República Popular Democrática de Coréia", disse na nota o porta-voz do ministério, Liu Jianchao.

"Prestamos muita atenção à questão do lançamento dos mísseis e desejamos que todas as partes mantenham a calma e o controle, e que não adotem ações que prolonguem e compliquem ainda mais a situação", afirmou Liu. Ele defendeu que sejam empreendidas ações que favoreçam a paz e a estabilidade da Península Coreana e do nordeste asiático.

Liu acrescentou que, "há muito tempo, a China faz esforços incessantes para diminuir a tensão na Península Coreana", para manter a paz e a estabilidade na região, e para fomentar o processo das negociações de seis lados. E indicou que Pequim continuará com suas consultas com as outras partes envolvidas.

A mídia corporativa repercutiu por todo o dia as reações dos governos aliados a Washington. Bush, reunido com seu aliado georgiano, Mikhail Saakashvili, na Casa Branca, disse que a Coréia "se isolou do resto do mundo com os testes realizados. Sua funcionária do departamento de Estado, Condoleezza Rice, julgou que a RPDC cometeu um "erro de cálculo" ao pensar que seus testes de mísseis "dividiriam a comunidade internacional". O governo da Alemanha chamou o teste de "provocação irresponsável".

Barreira militar

O vice-primeiro-ministro chinês Hui Liangyu deve ir a Pyongyang entre os próximos dias 10 e 15, embora o motivo oficial da visita seja celebrar o 45º aniversário da assinatura do Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua entre ambos os países.

O mapa da presença de tropas dos Estados Unidos no mundo demonstra o grau de importância que a Ásia tem para a política atual do país. Os americanos mantêm permanentemente, desde o fim do conflito na Coréia, em 1953, bases militares na vizinha Coréia do Sul. Os soldados ocupantes foram estabelecidos em postos a dez quilômetros da fronteira, estabelecida no paralelo 38, entre as duas nações.

O domínio das águas do Pacífico é um objetivo estratégico tradicional dos Estados Unidos, acentuado atualmente pelo aumento da influência da China na região. O exército americano mantém cerca de 37.000 homens e 100 aviões de combate de última geração na Coréia do Sul; 50.000 soldados no Japão (sobretudo na base de Okinawa) e 600 soldados, entre os quais 130 dos corpos de elite, transferidos recentemente para as Filipinas.

Sete mísseis
Pyongyang lançou hoje sete mísseis, um deles um Taepodong-2 intercontinental, e os demais de curto alcance do tipo Scud, de origem soviética, e de categoria média Rodong, de fabricação norte-coreana. Segundo a mídia corporativa, os mísseis caíram em uma área marítima ao oeste do Japão e perto do litoral norte-coreano e russo.

EUA estancam negociações

Han Song-Ryol, o delegado do embaixador da RPDC na ONU, ofereceu-se há duas semanas para acalmar a situação através do diálogo. Antes da realização dos testes "Os Estados Unidos dizem estar preocupados com o nosso míssil e o seu lançamento de teste. A nossa posição é, 'Certo então, vamos falar sobre isso'."

A administração Bush não respondeu a sugestão de Han, dando continuidade à política de desvalorizar o diálogo bilateral com a RPDC. O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, gabou-se: "Normalmente não se principiam conversas ameaçando lançar mísseis balísticos intercontinentais, e não é maneira de produzir uma conversa porque ao transigir num comportamento aberrante não se está senão a instigar uma sequela."

A mídia, entretanto, não não comentou ou qualificou de "comportamento aberrante" por parte dos EUA quando o país ensaiou o disparo de um míssil Minuteman III ICBM no dia 14 de junho. O míssil sobrevoou 4.800 milhas (7.725 km) antes das suas três ogivas atingirem no campo de provas de mísseis das ilhas Marshall.