Morreu o economista marxista Charles Bettelheim

O economista marxista francês Charles Bettelheim morreu neste domingo (23), em Paris. aos 92 anos. Desde a morte de sua esposa,em 2001, sua saúde e energia declinavam progressivamente, o que o impediu de concluir o capítulo de ''balanço'' de suas memórias

Charles Bettelheim nasceu em 1913, em Paris, de uma família de judeus austríacos. Ingressou no Partido Comunista Francês em 1933, enquanto estudava — filosofia, sociologia, direito e psicologia.


Ainda na juventude, Bettelheim passou cinco anos na União Soviética. A experiência, porém, encorajou-o a adotar uma postura altamente crítica da experiência socialista da URSS, a partir da grande cisão no movimento comunista durante a década de 1960. Aprofundando esta crítica, ele se afastou do PCF, aprofimou-se sucessivamente do pensamento de Louis Athusser, da experiência cubana, do movimento marxista-leninista e da China de Mao Tsetung, sem contudo retomar uma militância partidária.



Crítico igualmente das reformas chinesas pós-1978, o economista francês publicou em 1982 a sua obra principal, As lulas de classes na URSS, em três tomos (dois deles publicados no Brasil, pela editora Paz e Terra). Nela, sustenta que a propriedade jurídica coletiva das unidades econômicas não determina por si o caráter socialista de uma formação social. E que desde a ascensão de Stálin à direção do Krêmlin, nos anos 20, a experiência soviética transcorria dentro dos marcos do capitalismo de Estado.



Até o fim da vida Bettelheim exerceu também a reflexão crítica sobre suas próprias idéias — uma marca de toda a sua vida. Seu pensamento marcou mais de uma geração do século passado, num grande número de países, sempre ligado à herança revolucionária do marxismo, embora com opiniões  freqüentemente controvertidas.



Da redação, Bernardo Joffily