Em entrevista ao SBT, Lula defende realizações de seu governo

Em entrevista transmitida ao vivo diretamente do Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (2) ao ''SBT Brasil'' que durante a campanha eleitoral irá priorizar a divulgação das realizações de se

Ana Paula Padrão pediu ao presidente que citasse o que deixou de fazer, desde a posse. Lula respondeu que, em primeiro lugar, gostaria de citar o que fez.


''Vou mostrar o que eu fiz e foi muita coisa. O povo está comendo melhor, está trabalhando mais, a economia está crescendo''. Segundo ele, os eixos de um segundo mandato seriam desenvolvimento, distribuição de renda e ''muito investimento em educação, que é o que vai mudar a cara do Brasil.''


 


''Os preços baixaram. O salário mínimo aumentou. Estou frustrado em não concluir o processo de votação do Fundeb.''


 


Indagado sobre a ausência do prometido ''espetáculo de crescimento'', Lula fez uma provocação. ''A gente esquece das coisas. Quando a gente acha que crescimento de 3,5% ou 4% é pequeno, a gente esquece de duas décadas de estagnação na economia brasileira. Nós consertamos esse país. O alicerce está sólido, agora podemos fazer o madeiramento e o telhado, e o povo brasileiro pode morar tranqüilo''.


 


''Antigamente, os EUA espirravam e nós pegávamos pneumonia. Hoje a economia brasileira está sólida e nós não vamos sofrer percalços. Contruímos a solidez.''


 


Constituinte exclusiva


 


Ao ser perguntado sobre a proposta que lhe foi apresentada de convocar uma Constituinte exclusiva para aprovar uma nova reforma política, o presidente disse que vê com simpatia a idéia.


 


''Vejo com simpatia. Tenho dúvidas se o Congresso conseguiria aprovar a reforma política dos anseios da sociedade. Normalmente, o Congresso vai atender aos seus próprios interesses. A idéia da constituinte não pode ser iniciativa do governo, mas da sociedade. Precisamos discutir a reforma assim que terminar a eleição. Se a sociedade puder reivindicar, eu encaminharei a proposta ao Congresso''.


 


O presidente também respondeu a perguntas da apresentadora sobre punição de petistas, CPIs, participação em debates na campanha presidencial e aproximação com o PSOL.


 


Sobre a proposta de juristas para alterar os poderes das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), o presidente disse ser favorável ao aperfeiçoamento dessas comissões.


 


''A CPI pode ser livre, mas não pode ser uma salada de frutas'', disse, criticando a exposição para a mídia dos parlamentares. Segundo o presidente, ao invés de investigar, os congressistas querem aparecer e criam confusão. ''A investigação precisa punir. Se utiliza a CPI para fazer merchandising pessoal, complica a seriedade da apuração''.



''O que os juristas me entregaram foi um documento que pede para que a CPI se atenha a um fato determinado. Agora, vou entregar esse documento aos presidentes da Câmara, do Senado e da OAB, porque acredito que, para o próximo período (Legislativo), vamos ter de fazer um grande debate sobre as reformas políticas que precisamos fazer no Brasil'', explicou Lula.


 


Para o presidente, a CPI precisa ser livre, mas não pode ser uma ''salada de frutas''. Segundo ele, precisa debater, por exemplo, se as CPIs podem ou não quebrar sigilos bancários.


 


''A proposta prevê isso, mas penso que se trata de um debate que vai pegar fogo no Congresso Nacional'', completou.


 


Aproximação com o PSOL


 


Ana Paula Padrão também perguntou ao presidente se ele buscaria uma aproximação com o PSOL na eventualidade de ocorrer segundo turno na eleição presidencial. 


 


Lula preferiu não falar sobre o segundo turno. ''Só discuto segundo turno depois de primeiro de outubro. Trato todos os candidatos com respeito. Vamos aguardar resultado eleitoral e conversar com quem precisarmos. Alguns estão mais nervosos, outros mais raivosos, dizendo coisas insensatas.''


 


Debates


 


Novamente, Lula evitou confirmar a sua participação nos debates do primeiro turno. De acordo com ele, o presidente da República é, antes de tudo, uma instituição e, como instituição, precisa saber quais as regras estabelecidas.


 


''Muitas vezes vejo um debate, e já participei de muitos, e por isso posso dizer, é que algumas pessoas agem com certa insanidade. As perguntas nem sempre são pertinentes para uma campanha eleitoral'', disse o presidente.


 


Apesar das críticas, o presidente não descartou sua participação. ''Primeiro, eu gosto de debates. Adoro debate. Se tem uma coisa que eu gosto muito é ser provocado.''


 


Lula, acrescentou, entretanto, que ''eu não estou indo lá (ao debate) apenas quanto Lula candidato. Até porque, se eu estiver sentado na cadeira como candidato e acontecer alguma coisa no Brasil, deixo imediatamente de ser candidato e viro presidente do país. Por isso, preciso preservar essa instituição. Não vai faltar oportunidade para debates''.


 


Séries de entrevistas


 


A entrevista foi anunciada pela apresentadora Ana Paula Padrão como a primeira do presidente Lula à TV brasileira na condição de candidato à reeleição.


 


Segundo pesquisa Datafolha de meados de julho, Lula tem 44% das intenções de voto, ou 16 pontos percentuais à frente de Alckmin, o segundo colocado, com 28%. O presidente mantém esses índices de preferência do eleitorado (pouco mais de 40%) desde abril.


 


A série de entrevistas ao vivo com presidenciáveis no jornal ''SBT Brasil'' teve início na segunda-feira, com Geraldo Alckmin, que esteve no estúdio em São Paulo. Na quinta-feira (3/8), será a vez de Cristovam Buarque (PDT). Na sexta, Heloísa Helena (PSOL) será entrevistada por Ana Paula Padrão.


 


Na próxima semana, o ''SBT Brasil'' apresentará reportagens e entrevistas com os candidatos Luciano Bivar (PSL), Rui Pimenta (PCO) e José Maria Eymael (PSDC).


 


Lula volta a ser entrevistado ao vivo em telejornal na próxima semana, desta vez no ''Jornal Nacional'', no dia 10 de agosto. A série da Rede Globo com presidenciáveis se inicia na segunda-feira, dia 7 de agosto, com Alckmin.


 


Da redação,
Cláudio Gonzalez