Seminário da CUT marca os 20 anos
da sua luta pela emancipação feminina
Rosane Simon e Dilce Abigail Pereira, lideranças femininas da Corrente Sindical Classista (CSC), tiveram destacada participação no Seminário Nacional “20 anos da política de Gênero da CUT”.
Publicado 14/08/2006 12:33 | Editado 04/03/2020 17:12
O evento aconteceu durante os dias 9 e 10 de agosto na cidade de São Paulo e foi uma promoção da Central Única dos Trabalhadores (CUT) através de sua Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora. Durante os dois dias de atividades, reuniram-se aproximadamente 100 mulheres líderes sindicais de todo país que, além de avaliar a trajetória de duas décadas de lutas pela emancipação feminina, também debateram temas como as relações de trabalho e os desafios e perspectivas futuros.
Rosane Simon é a atual presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ijuí (SEC/Ijuí) e também secretária da Mulher da Confederação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (Contracs), função em que substitui Dilce Abigail Pereira, hoje atuando como vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Hoteleiro e de Turismo e ainda na vice-presidência da Contracs. Ambas contribuíram com textos para o livro “Mulheres na CUT: uma história de muitas faces”. A obra, lançada durante o Seminário, reúne textos de opinião e relatos de diferentes mulheres atuantes em funções de destaque no movimento sindical, desde suas origens até os dias atuais. Rosane Simon apresenta sua contribuição à página 123, onde destaca a importância das políticas de gênero para o enfrentamento das violências impostas pela sociedade “capitalista, organizada historicamente a partir do ponto de vista da cultura patriarcal e machista”.
Avalição e desafios
Na avaliação geral foram reconhecidos os avanços na participação feminina em cargos de direção de entidades sociais e de representação de categorias profissionais, inclusive com a criação de secretarias específicas para debater questões de gênero em entidades sindicais, federações e confederações. “Além disso, também vêm tendo êxito as campanhas e ações pela não-violência contra a mulher. Exemplo disso é a recente alteração na lei que estabelece as penas para os casos de violência doméstica”, enfatiza Rosane. Considerando a opinião das mulheres participantes do evento, a inserção feminina no mercado de trabalho se deu de forma desvantajosa devido a razões históricas e culturais que ainda não foram superadas. Rosane explica que o preconceito contra a mulher se reproduz nas relações de trabalho como a maior vulnerabilidade ao desemprego, menor remuneração e menores perspectivas de ascensão a cargos de chefia em relação aos homens. “Há exceções, é verdade, mas estamos longe de uma equiparação”, define. Para mudar essa realidade, o desafio do movimento de mulheres trabalhadoras é proporcionar oportunidades de debates, incentivar a participação, superando o sentimento de impotência e isolamento que muitas vezes dificulta a mobilização.
Mateus Junges