Dirceu: Folha de S. Paulo continua campanha contra Lula
O ex-ministro José Dirceu escreve diariamente em seu blog dicas de leituira e comentários sobre as matérias mais importantes de diversos jornais do país. Nesta segunda-feira, Dirceu destaca como o jornal Folha de S. Paulo manipula sua pauta para produz
Publicado 11/09/2006 17:07
''A edição da Folha de hoje está imperdível. A entrevista com o técnico Bernardinho é uma pérola de dirigismo e de campanha contra Lula. O excelente técnico da seleção brasileira de vôlei é honesto – diz que votou em José Serra e votará no Geraldo Alckmin e que desconhece o que Lula fez na Educação. A Folha só faz levantar a bola para ele sacar ou matar. Isso é campanha eleitoral ilegal para Geraldo Alckmin.
Outra entrevista é com a viúva de Toninho, prefeito assassinado de Campinas – que era petista roxo e apaixonado por Lula. Aqui, a Folha passa de todos limites: assume que, desde que se critique Lula, publica qualquer coisa.
Melhor está o artigo “Lula e Bush”, de Luiz Carlos Bresser Pereira. Ele reconhece que o PSDB faz caixa-dois. Sabe o que fala: uma planilha encontrada em seu computador é prova material do caixa-dois da campanha de FHC em 1998. Agora, Bresser diz que foi só caixa-dois e não corrupção ativa, ou seja, o caixa-dois deles é só dinheiro privado e o do PT, desvio de dinheiro público. Um cinismo. No artigo, é dito que Lula não tem e não terá apoio parlamentar e da sociedade civil — olha aí, de novo, a tese da ingovernabilidade. Mas não considera que Lula tem mais de 50% dos votos nem explica quem é essa sociedade civil. Quanto ao parlamento, Lula não tem e não terá nem mais nem menos apoio do que teria Alckmin e do que teve FHC. Nenhum partido, desde o PMDB, em 1986, fez maioria no Brasil. Todos precisaram construir alianças e apoiar-se naqueles que o elegeram. O artigo reconhece, ainda, que o PSDB não tem projeto, principal explicação de Bresser para a derrota anunciada. Mas afirma que Lula não governa desde a crise de 2005. Mais um desejo não-realizado dos tucanos.
Matérias requentadas
Duas matérias requentadas aparecem hoje, no Estadão e na Folha. Confiram.
No Estadão, fala-se de Antônio Palocci, numa tentativa de prejudicá-lo em sua campanha a deputado federal. O jornal continua escondendo que quatro prefeituras do PSDB também foram denunciadas nas investigações sobre a empresa Leão & Leão.
Já a Folha traz uma entrevista com o ex-governador do Acre, Orleir Cameli, ouvindo também o atual governador, Jorge Viana. Na conversa com Cameli, o jornalista dirige toda a entrevista para mostrar que o PT se alia com ex-adversários. Óbvio. Se não faz aliança é estreito e sectário; se faz, perdeu a pureza, é igual aos outros e não tem mais coerência. Ou seja, não tem saída.