Equador: Candidatos à Presidência trocam acusações em debate
Os quatro candidatos à Presidência do Equador mais bem colocados nas pesquisas trocaram acusações e também apresentaram seus planos de governo num debate transmitido pela TV do país, na noite desta quinta-feira (5/10), na reta final para as eleições de 15
Publicado 06/10/2006 14:15
O programa foi organizado pela CNN e pela rede local Ecuavisa. Os convidados foram o progressista Rafael Correa, o multimilionário Álvaro Noboa, o social-democrata León Roldós e a social-cristã Cynthia Viteri.
Correa, líder das intenções de voto nas últimas pesquisas publicadas, foi o alvo dos ataques dos outros candidatos, especialmente de Noboa, um magnata da cultura de banana que, segundo vários analistas, pode chegar ao segundo turno, previsto para 26 de novembro.
Noboa e Correa trocaram brincadeiras sarcásticas. O multimilionário disse que foi atacado por simpatizantes de seu rival quando chegou ao estúdio, atingido por uma tangerina. E disse que no próximo debate pediria a seus seguidores que contra-atacassem com bananas. Correa lamentou que Noboa não tenha comido a tangerina e pediu ao multimilionário que a munição de bananas seja comprada a um preço justo dos camponeses pobres, supostamente explorados por suas empresas.
Propostas progressistas
Correa demonstrou otimismo e garantiu que ganhará no primeiro turno. Ele foi o primeiro a discursar no fórum e prometeu reduzir o desemprego, com o apoio à agricultura, planos de habitação, apoio à produção nacional e ao turismo.
Ele também criticou a dolarização vigente no país desde 2000, mas admitiu que será difícil sair do sistema nos quatro anos de mandato do próximo presidente. Além disso, disse que não negociará um Tratado de Livre-Comércio com os Estados Unidos.
Por fim, Correa confirmou sua proximidade com o presidente venezuelano Hugo Chávez e anunciou a intenção de se aproximar dos governos do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e Venezuela.
Mais do mesmo
Noboa, por sua vez, afirmou que se chegar à Presidência não manterá relações com a Venezuela nem com Cuba. Além disso, disse que as denúncias, não demonstradas, de que os dois países financiam candidatos esquerdistas da região são uma forma de “atacar a soberania” nacional. Ele defendeu a dolarização da economia.
O social-democrata León Roldós defendeu uma “mudança positiva” do país e prometeu convocar uma consulta popular para o povo definir as “linhas mestras” do seu mandato. Se o povo aprovar, ele se comprometeu a continuar as negociações do TLC com os EUA. Mas defendeu fortalecer também as relações comerciais do país com a Europa e o Leste da Ásia.
A social-cristã Cynthia Viteri, por sua vez, pediu uma “mudança com cara de mulher” no Equador. A atual conjuntura eleitoral, para ela, apresenta duas opções: “mais violência e caos” ou “um governo responsável”, sem transformações traumáticas.
A única mulher candidata à Presidência do Equador se disse a favor de “fortalecer a dolarização”, abrir o país aos mercados internacionais e investir em projetos de caráter social. “O Equador começará a viver a bonança do petróleo”, prometeu.