Perguntas de um trabalhador que lê… a “Folha de S. Paulo”
Qual seria a repercussão dada pela Folha se o senhor Misilvan Chavier dos Santos, vulgo Parcerinho (PSDB), candidato a deputado estadual por esse partido em Tocantins, preso com meia tonelada de cocaína, fosse filiado ao PT? Não mereceria mais
Publicado 11/10/2006 18:06
Qual seria a manchete da Folha se acaso Lu Alckmin fosse esposa de Lula quando foram descobertos seus presentinhos, os 400 vestidos e peças de alta costura doados pelo desinteressado estilista Rogério Figueiredo? Fossem vendidas todas as peças (cada uma avaliada entre
Qual seria o nome dado pela Folha à comemoração de Osmar Serraglio, relator da CPI dos bingos, carregado nos braços da oposição ao governo Lula
Qual seria a análise dos editoriais da Folha na ocasião dos ataques do PCC se o governo do Estado de São Paulo fosse administrado pelo PT? A recusa em aceitar a ajuda do governo federal para combater os ataques teria a condescendência da Folha caso Lembo fosse do PT e o Presidente da República do PSDB?
Qual seria o espaço dado pela Folha para a veiculação em suas páginas das sérias denúncias de um membro do PSDB, o senhor Piunti, que acusou Alckmin por incompetência, malversação do dinheiro público e violência na Febem – seguindo o mesmo roteiro de um deputado estadual da base aliada
Qual seria o veredicto dos iluminados colunistas da Folha caso o dossiê contra políticos do PSDB fosse forjado? Teriam assim reivindicado a importância de se saber o seu conteúdo? Ou então, se os documentos envolvessem políticos do PT, qual seria a sentença desses “jornalistas”? Dessa forma teriam mais interesse em divulgar o conteúdo do dossiê?
Qual seria o tratamento dado pela Folha a Eduardo Azeredo (ex-presidente nacional do PSDB), pai legítimo do valerioduto, se o nobre senador tucano fosse do PT ou aliado de Lula? Seria menos achincalhado que outros petistas que, como Zé Dirceu, foi satanizado e até cassado sem qualquer prova concreta apresentada?
Qual seria o peso dado pela Folha à palavra do caseiro Francenildo Costa contra o ex-Ministro de Estado Antônio Palocci (PT) se o acusado fosse dos quadros do PSDB? Por acaso os fatos de “Nildo” ter recebido quase 30 mil reais nas vésperas do seu depoimento contra Palocci e ainda ter se encontrado a portas fechadas com o senador tucano Antero Paes de Barros em seu gabinete continuariam sendo tratados como casos fortuitos ou irrelevantes se esse bom moço tivesse testemunhado contra alguém do bloco de oposição ao governo Lula? E se seu suposto pai biológico ao invés de filiado orgânico ao PSDB fosse militante do PT?
Por fim, qual seria a simpatia dispensada pela Folha a Lula se o Presidente da República fosse do Opus Dei, freqüentasse a Daslu, representasse a aristocracia paulista, defendesse os interesses dos EUA, destilasse preconceitos contra os nordestinos, combatesse a violência criando mais FEBEMs e encarcerando a juventude da periferia? Em uma única palavra: qual seria aceitação da Folha a Lula se ele fosse porta voz do neoliberalismo?
São algumas poucas perguntas de quem lê um jornal que se diz a serviço do Brasil. E se não fosse?
*Luciano Rezende Moreira é secretário executivo da OCLAE (Organização Continental Latinoamericana e Caribenha de Estudantes)