Marco Aurélio Garcia anuncia que Lula não vai ao debate

O presidente Lula, candidato à reeleição, não participará do debate com o candidato tucano, Geraldo Alckmin, previsto para terça-feira (17), na TV Gazeta. A informação foi dada pelo coordenador de campanha da coligação “A Força do Povo”, Marco Aurélio

Os assuntos econômicos dominaram a conversa de Marco Aurélio com a imprensa, nesta sexta-feira (13), em Brasília. Ele classificou de “pergunta malandra” o questionamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre privatizações. De Lisboa, Fernando Henrique perguntou por que Lula não reestatizou a Vale do Rio Doce, já que é contra a privatização da empresa.


 


“É uma pergunta malandra. Não é o caso de rediscutir a privatização. O mau está feito. O mau não é exclusivamente ter sido privatizada. O mau está também na forma e nos resultados obscuros. Esse dinheiro arrecadado agravou a carga fiscal”, disse Marco Aurélio.



 
O coordenador argumentou que a revisão de privatizações é um processo complexo, que teria impacto muito forte na economia brasileira e que o governo não deveria tomar essa iniciativa. Marco Aurélio afirmou que R$ 71 bilhões foram arrecadados pelo Estado com as privatizações, supostamente para resolver a questão fiscal. Mas que, no entanto, a questão não foi resolvida, e sim agravada.


 


“É justo que se pergunte para que as privatizações serviram”, afirmou Marco Aurélio, acrescentando que se elas foram feitas para o tema específico de combate ao déficit não tiveram resultado.


 


Corte de gastos


 


O coordenador da campanha disse que haverá cortes de gastos num eventual segundo mandato de Lula. “É evidente. Nós vamos ter cortes de gastos, mas gradual”, afirmou. Mas não especificou onde serão os cortes.


 


Ele explicou que com a queda das taxas de juros haverá o aumento do crescimento econômico e de arrecadação. E criticou o governo anterior ao afirmar que nos oito anos da gestão FHC houve um inchaço provocado pela terceirização. Ele ressaltou que Lula tem um projeto diferente do governo anterior que, segundo ele, propunha um estado mínimo e de mercado.



 
Para Marco Aurélio, o economista Yoshiaki Nakano “falou alto o que eles estavam pensando baixo”, ao defender a necessidade de cortes de gastos públicos de 3% do PIB. “A proposta de Nakano significaria cortar três anos de Bolsa Família”, disse.


 


Situação equilibrada


 


Marco Aurélio Garcia afirmou que não deverá haver “pinotes” salariais para o funcionalismo público, em um eventual segundo mandato de Lula. Ele lembrou que houve um grande salto salarial neste governo, que não deve se repetir no futuro.



 
Segundo ele, o salário do servidor público sofreu estagnação nos oito anos do governo do PSDB e que o presidente Lula fez uma recuperação importante, organizando as carreiras do funcionalismo. Segundo ele, isso deixa a situação atual mais equilibrada. “Não precisaremos dar os pinotes que foram necessários para, entre outras coisas, atender as necessidades do nosso funcionalismo público”, disse, acrescentando que “os aumentos serão normais”.


 


Sem autonomia


 


O coordenador da campanha do presidente Lula disse ainda que a proposta de autonomia do Banco Central não faz parte do programa do presidente Lula em um eventual segundo mandato. Marco Aurélio lembrou declaração do presidente Lula, feita em Genebra, Suíça, na qual Lula considerava a autonomia do BC um tema acadêmico, que poderia ser discutido, mas que não fazia parte de sua agenda e nem do plano de governo.


 


A crítica a órgãos de imprensa também fez parte das declarações de Marco Aurélio Garcia. Ele acusa a imprensa de dar destaque ao adversário de Lula, Geraldo Alckmin.



 
“Da mesma forma que a liberdade de imprensa, que eu espero seja preservada para o Estadão, o Globo, a Folha, a Carta Capital e a Veja, dizerem o que bem entendem – e acho que assim deve ser – é importante também que um órgão de comunicação da campanha eleitoral externe o seu ponto de vista, mesmo que possa ter havido ou não – não estou aqui me justificando – qualquer rigor na linguagem”, afirmou Marco Aurélio, comentando as informações publicadas no site do candidato Lula sobre familiares de Alckmin, que foram retiradas a pedido do próprio Lula.


 


De Brasília
Márcia Xavier
Com agências