EUA: Arapongas interrogam menina por ''ameaça'' a Bush
Manifestando-se contra a guerra dos Estados Unidos ao Iraque, a adolescente norte-americana Julia Wilson divulgou em sua página na comunidade virtual MySpace uma montagem da foto do atual presidente americano George W. Bush com o desenho de uma adaga perf
Publicado 16/10/2006 15:53
Por causa disso, a garota de 14 anos foi retirada de uma aula de biologia molecular e questionada por dois agentes federais durante 15 a 20 minutos, em um interrogatório que segundo a menina a fez chorar e foi ''realmente assustador''.
Ela já descobrira, em uma aula de história, que este tipo de ameaça ao presidente é tratada como crime federal, então já havia retirado a imagem da página, o que não foi suficiente para conter a ira do FBI, que já havia resolvido investigar a ''ameaça de terrorismo''.
Segundo o Sydney Morning Herald, os pais não gostaram de a filha ser interrogada sem que eles fossem comunicados, embora a lei não impeça. A garota foi procurada pelos investigadores em casa na tarde do mesmo dia, mas como ela não estava, a mãe pediu que os agentes voltassem cerca de uma hora depois.
''Tem dois homens do Serviço Secreto que querem falar com você. Aparentemente você fez algumas ameaças de morte contra o presidente Bush'', disse Kirstie Wilson à filha por mensagem de texto quando os investigadores se retiraram. ''Está falando sério!?!? Meu Deus. Estou com sérios problemas?'', respondeu a filha. Pouco tempo depois, ela enviou outra mensagem para a mãe avisando que seria interrogada.
Julia diz que ouviu muitos gritos dos agentes e foi ameaçada de ser enviada para um reformatório por sua ofensa. Embora os pais e a própria garota saibam o motivo da investigação, questionam o fato de os agentes não terem esperado até que ela saísse da escola. E também o fato de os investigadores não terem percebido que uma menina de 14 anos, que carrega uma mochila com um desenho de um coração, não é na realidade uma séria ameaça ao presidente.
Porta-vozes do Serviço Secreto disseram não poder comentar a respeito do caso, mas segundo os agentes o arquivo da investigação seria destruído. Revoltada com o interrogatório, Julia decidiu que reunirá estudantes membros do MySpace em um dos grupos online para protestar contra a guerra no Iraque.
Ann Brick, promotora da American Civil Liberties Union, organização que defende os direitos do indivíduo, diz que isto tem sido um problema recorrente, e a ausência de leis que impeçam essas ações acabam por reforçar este tipo de atitude. Projetos de lei que exigiam consentimento e presença dos pais em interrogatório de crianças foram negados diversas vezes.
Segundo o site SacBee (www.sacbee.com/111/story/38768.html), que mostra fotos da adolescente e sua família, o fato se deu na cidade de Sacramento, na Califórnia, na escola secundária McClatchy, onde a mãe de Julia trabalha como diretora-assistente.