Impasse na ONU entre Venezuela e EUA após 4 votações

A Venezuela e a Guatemala — apoiada pelos Estados Unidos — prosseguiram nesta segunda-feira (16) uma incansável disputa eleitoral na Assembléia Geral da ONU.  Após quatro votações consecutivas, nenhum dos dois países havia conseguido os dois terços

Os votos a favor da Guatemala flutuaram entre 109 e 116. Os da Venezuela foram de 70 a 76. Os representantes dos 192 países-membros da Assembléia Geral se reunirão novamente para retomar o processo de votação, que ainda pode se prolongar por várias rodadas.



“Dispositivo de guerra suja”



Num ato público realizado no domingo, nos arredores de Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que Washington “ativou um dispositivo de guerra suja” contra seu país, para impedi-lo de obter uma cadeira não permanente no Conselho de Segurança, que cabe a um país latino-americano.



“Estamos muito agradecidos aos países que mantiveram o voto a nosso favor”, disse o embaixador da Venezuela na ONU, Francisco Arias, ao ser abordado pela imprensa na saída do plenário da Assembléia Geral. “Também agradecemos aos que começaram a rejeitar as prepotentes pressões que o embaixador dos EUA, John Bolton, está realizando”, agregou.



Vaivém do embaixador americano



Arias disse que o representante estadunidense e seus assessores “se dedicaram durante as quatro votações desta manhã a ir de um lado a outro do plenário, pressionando os Estados-membros contra a nossa candidatura”.


Apesar das gestões de Bolton, a Venezuela obteve na quarta rodada cinco votos a mais que na anterior. “Vemos que existe uma reação de dignidade e por isso vamos manter nossa candidatura. Não estamos decepcionados, pelo contrário, estamos alegres”, disse o embaixador venezuelano.



Durante as quatro votações já ocorridas, as as abstenções variaram entre quatro e sete, mas a única conhecida é a do Chile. A presidente chilena, Michelle Bachelet, anunciou domingo à noite, em Santiago, a decisão de se abster na votação.



As razões da abstenção chilena



Segundo comentários da imprensa, a abstenção do Chile se deveu a pressões dos EUA e de setores conservadores do país. Porém o embaixador chileno na ONU, Heraldo Muñoz, negou enfaticamente essas versões. “Não aceitamos pressões de ninguém para influir sobre nossas decisões”, disse ele.



Muñoz explicou que a abstenção chilena significa que nenhum dos dois candidatos conta com o consenso da região.



Em outras votações desta segunda-feira, a Assembléia geral elegeu em primeiro turno a África do Sul, Itália, Bélgica e Indonésia para substituir, respectivamente, as cadeiras antes ocupadas pela Tanzânia, Grécia, Dinamarca e Japão. As cadeiras obedecem a um critério de representação dos continentes e as substituições vão ocorrer no final do ano.