Lula agradece apoio de artistas, intelectuais e atletas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira (17), no Rio de Janeiro, apoio de artistas e intelectuais à sua candidatura à reeleição. Cerca de duas mil pessoas compareceram ao evento, no Canecão, sendo centenas deles da área artísti
Publicado 18/10/2006 00:51
Cerca de duas mil pessoas compareceram ao evento, no Canecão, sendo centenas deles da área artística e atletas. O candidato esteve muito bem-humorado e arrancou risadas da platéia o tempo todo. Lula se comprometeu a continuar trabalhando em favor da categoria e voltou a atacar o projeto de seu adversário, que é privatizar o patrimônio público.
Entre os convidados estavam o boxeador Acelino de Freitas, o Popó (foto), – que ofereceu um par de luvas a Lula para “ele lutar muito no segundo turno”.
O presidente voltou a criticar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu partido, o PSDB. Ao comparar as gestões, disse que ''estamos apenas começando nossa obra, e só temos o governo do PSDB como paradigma. Deles ganhamos em todos os sentidos''.
“Este governo abriu a porta para os movimentos sociais, o que nunca aconteceu em outros governos. Em quatro anos, não dá para comparar, porque em todas as áreas fomos melhores”, disse Lula, classificando como pequenez as citações de Geraldo Alckmin sobre o avião presidencial. “Somos atacados porque eles nunca pensaram que um torneiro-mecânico poderia ser presidente. Eu sei a importância deste momento que estou vivendo”, disse o presidente.
''Já fizemos muito, mas agora estamos calejados para fazer mais. Vamos continuar a promover a queda dos juros, a distribuição de renda, porque estamos mais preparados. Apesar de eles terem tido um doutor presidente, foi este governo que fez mais pela educação. Eles dizem que investir no pobre é gasto, mas dar empréstimos em gente rica que nunca paga, é investimento”, disse Lula, agradecendo o apoio dos artistas, intelectuais e atletas.
Lula ironizou dizendo que tucano não gosta de comparação. ''É uma ave bonita, mas predadora, que come os ovos e filhotes de outras aves'', disse.
O presidente criticou ainda o PT, dizendo que ''nunca imaginou que pudesse ter tantos problemas a partir de seu própio partido''.
Lula voltou a citar a história de Barão de Mauá para comparar seu projeto de desenvolvimento com o de seu adversário. Mauá, então empresário, queria industrializar o país, mas a elite de sua época queria manter o atraso da lavoura. Lula também citou exemplos de avanços em seu governo, como de política externa: “eles achavam que política exterior é só ir para Washington, mas eles não queriam saber da América Latina, da África”.
O presidente argumentou que não existe hipótese de reversão do quadro que aponta queda dos juros e crescimento da economia.
Lula afirmou ainda que se tivesse ganho no primeiro turno, acharia que tinha ganho ''sozinho, pois não houve manifestação, não houve debate''. ''Seria uma vitória insossa'', disse. Por isso, o presidente acredita que o segundo turno seja uma obra divina, pois está permitindo que ''a gente junte as pessoas, como por exemplo Sérgio Cabral''. O candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral, sentou-se à esquerda de Lula durante todo o evento.
Lula finalizou o discurso declamando o poema ''O Brasil que vem aí'', de Gilberto Freyre.
Presenças destacadas
O evento contou com a presença dos cantores Alcione, Zeca Pagodinho, Sandra de Sá, Beth Carvalho e Geraldo Azevedo, dos atores Osmar Prado, Leandra Leal e Antônio Pitanga, Tássia Camargo, além da humorista Dercy Gonçalves, entre vários outros. A velha guarda das escolas Mangueira e Portela também estiveram presentes, em apoio a Lula.
O teatrólogo Augusto Boal comentou episódio ocorrido ontem quando mlitantes petistas foram agredidos por simpatizantes do PSDB. ''Na ditadura as esquerdas foram vencidas, apesar de ser maioria, mas os ditadores eram coesos e unidos como ditadores e nós tínhamos as dissidências. Por isso, temos que ter responsabilidade agora, para que o povo brasileiro vença. A direita são canibais, que venderam o patrimônio público e, agora, são canibais na prática que até arrancam dedinho de eleitor de Lula”, disse Boal, referindo-se a uma eleitora tucana que mordeu uma admiradora de Lula, tirando um pedaço de seu dedo.
Também compareceram os ministros Gilberto Gil (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Orlando Silva Júnior (Esportes), Celso Amorim (Relações Exteriores), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Tarso Genro (Relações Institucionais), além de Jaques Wagner (governador eleito na Bahia), deputada Jandira Feghali (PCdoB), Benedita da Silva, Marta Suplicy, coordenadoras das campanhas petistas no Rio e em SP, respectivamente, e a ex-candidata à Presidência Ana Maria Rangel.
Foram lidas mensagens de apoio ao presidenciável de personalidades que não puderam comparecer, entre elas, do cantor e compositor Chico Buarque.
Gil: avanços na cultura
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, elencou todas as conquistas na área cultural. “A cultura deixou de ser somente para o consumo da classe média, mas começa a ser feita pelo povo e para o povo”, disse Gil, citando pólos de cultura como exemplo em sua área.
Marco Aurélio Garcia, que comanda a campanha nacionalmente, acusou a oposição de tentar “ganhar a eleição no tapetão”. Depois de ressaltar a vantagem de Lula nas pesquisas, ressaltou que ''não é um momento de salto alto, mas sim de resistência à tentativa daqueles que, sentido-se derrotados nas urnas, querem provocar uma chincana jurídica apoiada por alguns meios de comunicação ganhar esse campeonato no tapetão''.
O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner também esteve presente e foi bastante ovacionado pelos militantes. Lula, no discurso, brincou com a situação e ironizou que “um carioca judeu” tenha vencido o “Toninho Malvadeza” na Bahia. Fez também brincadeiras com Gilberto Gil que pediu que no próximo mandato a verba da pasta da Cultura seja de, pelo menos, 1% do orçamento da união. “Ainda bem que de ministros apenas o Gil discursou, pois daí iria estourar o orçamento”, completou.
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