Lula continua tendo maior índice de matérias negativas na mídia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, continua tendo o maior índice de exposição negativa nos cinco jornais e nas quatro revistas pesquisadas pelo Observatório Brasileiro de Mídia.
Publicado 18/10/2006 17:40
É o que revela o último relatório de acompanhamento sobre a cobertura da mídia nas eleições presidenciais divulgado pelo OBM.
De acordo com o levantamento, feito durante o período de 7 a 13 de outubro, das 533 abordagens sobre os dois candidatos e o presidente Lula registradas nos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Correio Braziliense, Jornal do Brasil e O Globo, Lula aparece em 315 (59,1%), das quais 45,1% de forma negativa, contra 27,6% neutras e 27,3% positivas.
Nas revistas o desequilíbrio é ainda maior. Segundo a pesquisa do OBM, nas quatro revistas semanais – Veja, IstoÉ, Carta Capital e Época – durante o período de 9 a 11 de outubro, Lula aparece em 10 (41,7%) das 24 abordagens, sendo 70% negativamente, contra apenas 10% abordagens positivas e 20% neutras.
A figura de Lula presidente também continua tendo maior índice de exposição negativa. Nos jornais, segundo a pesquisa, o presidente aparece em 15 (2,8%) do total de abordagens, sendo que destas 73,3% negativas, 20% neutras e apenas 6,7% positivas. Nas revistas, o presidente é citado em 6 (25%) das abordagens, das quais 50% negativas, 33,3% neutras e 16,7% positivas.
A pesquisa do Observatório demonstra que em relação à semana anterior, período de 2 a 6/10, o percentual de exposição dos candidatos e do presidente nos veículos pesquisados é semelhante. Porém, os índices de abordagens negativas para o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, aumentaram, o que não significou uma redução na exposição negativa de Lula.
Na segunda semana do segundo turno, Alckmin aparece em 203 (38,1%) do total de abordagens nos jornais, sendo que destas 42,2% de forma negativa, 30,5% neutras e 27,1% positivas. É a terceira vez, em 15 semanas, que a exposição do candidato foi mais negativa do que positiva nos jornais pesquisados. Anterior a este período, a mesma tendência só havia sido registrada durante duas semanas do primeiro turno, de 19 a 25 de agosto e de 26 de agosto a 1 de setembro.
Na avaliação dos pesquisadores do Observatório Brasileiro de Mídia, o aumento na exposição negativa de Geraldo Alckmin é reflexo de uma série de fatores. Entre eles destacam-se os resultados do primeiro debate na televisão, realizado pela TV Bandeirantes, e também a divulgação das últimas pesquisas de intenção de voto feitas pelo Datafolha e pelo Ibope, que apontam Lula na liderança com mais de 50%.
Aliado a isto, estaria a dificuldade do candidato do PSDB de se livrar da imagem de “privativista” e as recentes declarações de seu assessor econômico, Yoshiaki Nakano, propondo cortes no orçamento da ordem de R$ 60 bilhões.
O OBM aponta ainda que outros fatores podem acabar influenciando na exposição positiva ou negativa de Alckmin nas próximas semanas, como a recente reportagem da revista Carta Capital, que apontou o benefício recebido pela candidatura tucana por ocasião do dossiê e divulgação das fotos do dinheiro, assim como o “desequilíbrio” na cobertura das candidaturas citado por jornalistas como Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif, que comentaram sobre o tema em seus blogs.
Luis Nassif caracteriza a reportagem da Carta Capital de “uma aula de jornalismo sobre o antijornalismo que parece ter tomado definitivamente conta da mídia”. E Paulo Henrique Amorim afirmou que “um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno.”
Nas revistas, Alckmin aparece em 8 abordagens, das quais 62,5% de forma positiva, 12,5% neutras e 25% negativas.
Os resultados completos dos levantamentos realizados pelo OBM estão disponíveis no site do Observatório: www.observatoriodemidia.org.br.
Fonte: www.pt.org.br