Alvaro Dias faz críticas à propaganda de Alckmin

Esta semana cresceu entre os políticos do PSDB e do PFL a convicção de que o programa na TV do candidato tucano ao Planalto, Geraldo Alckmin, não emplacou e não produziu nenhum impacto no eleitor. 

Além de considerar “muito melhor” a propaganda eleitoral exibida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) fez ontem duras críticas à equipe de marketing de Alckmin, comandada pelo jornalista Luiz Gonzalez. As reclamações já vinham desde o primeiro turno, mas na véspera do encerramento da propaganda na TV ganharam um tom mais duro. “Está faltando emoção, indignação e criatividade”, afirmou Alvaro Dias, reeleito para o Senado.


 


Ele contou que as sucessivas reuniões do comando político com Gonzalez não surtiram efeito, mesmo porque o marqueteiro continuou fazendo o que quis, sem aceitar as sugestões dos políticos. A todos os apelos, Gonzalez insistia na tese de que “conceito se ganha com sedimentação”. Ou seja, não era aconselhável bater no adversário, mas repetir à exaustão o perfil do candidato e suas realizações à frente do governo paulista.


 


Segundo integrantes do comando político, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), encerram a campanha contrariados com o comportamento de Gonzalez. Se não bastassem os problemas para conciliar a agenda com o candidato, os políticos enfrentaram dificuldades com a equipe de comunicação. Foram alijados, se limitando a assistirem a distância ao tom exageradamente “paulista” do programa de TV.


 


Para Alvaro Dias, Alckmin ainda age como se disputasse o governo de São Paulo e não a Presidência da República. Nos debates, a estratégia se repetiu e o tucano insistiu em realçar suas ações administrativas em São Paulo. Um senador do PFL, que não quis se identificar, lembrou que, além de ter ficado centrado em São Paulo, o grupo de Gonzalez teria dado mais prioridade à campanha de José Serra para o governo estadual, já que assumiram as duas campanhas.


 


“No segundo turno, o programa de TV precisa se renovar a cada dia. A emoção é fundamental”, cobrou Dias. Ele citou que ninguém no Brasil sabe o que é Fatec, uma sigla usada em São Paulo para identificar as escolas técnicas. “Mas ninguém muda opinião de marqueteiro”, conformou-se o tucano, acrescentando que a equipe de marketing não conseguiu explorar as qualidades do candidato. “Se perdermos as eleições a culpa não será do candidato, que é preparado, paciente e inteligente. O motivo principal foi a falta de comunicação competente e de estratégia” prosseguiu. “Alckmin é maior que o programa dele”, disse.


 


Na última reunião com os responsáveis pelo setor de marketing, já no segundo turno, o senador sugeriu, por exemplo, que dez minutos do programa de TV fossem dedicados aos escândalos. Mas a idéia não avançou, com o argumento de que poderia ter efeito contrário. “Seria um programa pesado, mas com uma linguagem popular e com a apresentação de documentos”, afirmou.


Redação O Estado do Paraná