Disputa no RS: Jussara desmonta discurso de gênero da tucana Yeda

''Como se pode confiar em uma mulher que serve ao projeto das elites paulistas?'' Na pergunta de Jussara Cony  (PCdoB), candidata a vice-governadora do Rio Grande do Sul na chapa de Olívio Dutra (PT), a comunista desmonta o discurso de gênero que

''Ela tentou usar o viés de gênero na campanha, mas nós não assumimos esse viés, porque o programa dela, ligado ao programa de (Geraldo) Alckmin, representa o retrocesso''. Jussara fala na entrevista como quem discursa nos comícios, com o mesmo arrebatamento que usa para conquistar os eleitores. Feminista de longa data, ela explica que ''não basta ser mulher, por isso nós discutimos o projeto que ela defende, que nós chamamos de consórcio conservador, porque reuniu em torno de si todo o conservadorismo do Rio Grande do Sul''.


 


Entusiasmada com o crescimento nas pesquisas (Leia também ''Pesquisa: Olívio sobe 9 pontos e encosta em Yeda no RS''), Jussara diz que ''estamos virando o jogo. Ela (Yeda Crusius) saiu com 66 e nós com 30; já tem pesquisa que mostra 47 a 53, praticamente um empate técnico''.


 


Jussara atribui os números das pesquisas  ao trabalho da campanha no segundo turno. A campanha da esquerda está baseada na vinculação ao programa do Presidente Lula. ''E, segundo Jussara, o discurso está sendo assimilado pelos eleitores que refletem sobre o significado do Rio Grande (do Sul) estar sintonizado com o projeto nacional –ter o mesmo projeto'', explica a candidata.


 


Medo das privatizações


 


Como todos os estados brasileiros, também o Rio Grande do Sul sofreu com as privatizações, lembra Jussara, que tem o tema como mote da campanha. Ela exemplifica com o caso do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), presente em todos os 500 municípios do Estado, ''que é muito caro para nós''. E diz ainda que ''se não fosse o Banrisul, somente 10% dos municípios teriam banco''.


 


Jussara recorda que em 1995, a candidata tucana defendia a privatização do Banrisul. ''Hoje eles mudaram o nome para federalização, que significa que o governo federal pode adquirir o controle acionário do banco para privatizar ou extinguir'', explica a candidata.


 


Ao que os tucanos chamam de choque de gestão, Jussara diz que ''nós nos contrapomos com o choque de consciência na campanha, contra o choque do esconder a verdade''. Para exemplificar, mais uma vez Jussara lembra que ''ela (Yeda Crusius) não participou da Lei kandir, que deu 30% para São Paulo e 8% para o Rio Grande do Sul. No dia que Rio Grande precisou dela, ela não estava lá, além de ser privatista, quer terminar com o que restou no Rio Grande''. A Lei Kandir garante compensação aos estados pela isenção do ICMS.


 


Propostas concretas


 


''Outro contraponto da nossa campanha, emenda Jussara, é do programa de governo. O dela é de generalidades, para esconder a essência – o que representa e significa -, por isso ela diz que vai apresentar tudo no primeiro dia de governo; e nós trabalhamos com propostas concretas em todas as áreas, não temos surpresas para o povo'', garante.


 


Em meio aos debates, coube a Jussara enfrentar o candidato a vice na chapa tucana, Paulo Feijó, ex-presidente da Federasul, outro defensor das privatizações, que foi amordaçado pelos aliados depois que declarou que o Banrisul é um peso para o Rio Grande. Ela lembrou que, ao contrário do adversário, ''eu posso falar, porque temos sintonia com Olívio e temos sintonia com Lula''.


 


E parte para o ataque, enumerando as propostas de governo, com números e dados. Ao projeto de governo que defende ela dá o nome de choque de desenvolvimento e emprego, para, mais uma vez, se contrapor ao choque de gestão dos tucanos.


 


''Nós estamos propondo a redução do ICMS de indústria e agroindústria alimentar e leite. Até 20% para coureiro-calçadista e agro-indústria alimentar e leite; até 15% para os setores moveleiro; máquinas e implementos agrícolas; autopeças; construção civil; cerâmica e tijolo; vestuário e têxtil; farmacêutico; plástico e borracha''.


 


Segundo Jussara, a redução do imposto vai gerar 125 mil novos empregos, que representa 60% do PIB (Produto Interno Bruto) gaúcho. Ela destaca que ''esse é um projeto concreto para finanças do estado, que gera emprego e aumenta a receita para aplicar em políticas públicas''.


 


Ela lembra ainda que ''vamos renegociar com (o Presidente) Lula a dívida pública do Estado com União, isso significa que teremos mais 600 milhões para aplicação na saúde e educação. E acrescenta, ainda como medidas concretas o combate a sonegação, fim da guerra fiscal e redefinição dos critérios de incentivos fiscais''.


 


''Cavalo encilhado''


 


Para Jussara, ''é importantíssimo para o Rio Grande do Sul eleger Olívio e eu, porque Lula se elege presidente do Brasil e o Rio Grande não pode deixar passar esse cavalo encilhado, esse é um termo riograndense, esclarece''.


 


Ela insiste em dizer que ''o nosso choque de emprego e desenvolvimento vai dialogar com projeto nacional, articulado com o governo Lula, um governo de diálogo, desenvolvimento e inclusão, e de combate as desigualdades sociais e regionais''.


 


De Brasília
Márcia Xavier