ONU inicia reunião no Quênia sobre mudança climática

Começou nesta-segunda-feira (6/11) em Nairóbi, no Quênia, mais uma rodada de reuniões promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os efeitos da mudança climática global. O principal assunto do encontro deve ser a ajuda para que países mai

Um relatório da ONU divulgado na véspera da reunião prevê “impactos terríveis” do clima em partes da África. “A produção das lavouras vai cair”, segundo o relatório, enquanto o crescente nível dos mares “pode invadir cidades”.


 


Dados divulgados na semana passada indicam que os níveis de emissões de gás que causam o efeito estufa continuam subindo.


 


A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que as concentrações de dióxido de carbono aumentaram 0,5% durante 2005 e não vão começar a cair a não ser que um acordo mais forte do que o Protocolo de Quioto seja criado.


 


Lavouras e enchentes


 


O vice-presidente do Quênia, Moody Awori, abriu a reunião em Nairóbi, a primeira realizada na África subsaariana.


 


“Estamos todos reunidos na manhã de hoje em nome da humanidade pois reconhecemos que a mudança climática está emergindo rapidamente como uma das ameaças mais sérias que a humanidade já enfrentou”, disse Awori.


 


O novo relatório do Sistema da Convenção em Mudança Climática da ONU afirma que o problema é uma ameaça séria à África, e produz um convincente argumento ao provar porque é tão importante ajudar os países africanos a transformar suas sociedades, economias e infra-estrutura em “à prova de clima”.


 


O relatório conclui que a produção de grandes lavouras como milho ou sorgo vai cair e grande parte de cidades africanas como Lagos, Dar es Salaam e Cidade do Cabo podem desaparecer devido ao aumento do  nível do mar.


 


“Também há grandes impactos em áreas mais elevadas como o Monte Quênia e o Monte Kilimanjaro, cujas geleiras e outras formações de gelo são importantes para o suprimento de água”, disse Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, que forneceu dados para o relatório.


 


Na semana passada, uma avaliação lançada pelo economista Nicholas Stern também alertou para o impacto desproporcional da mudança climática em países mais pobres.


 


Entre as medidas sugeridas para transformar países em “à prova do clima” estão a construção de defesas contra mares e rios; aumento da infra-estrutura de fornecimento de água para regiões de seca; criação de defesas naturais como árvores e mangues; desenvolvimento de novas variedades de lavouras resistentes a altas temperaturas e secas; e educação pública a respeito de assuntos como economia de água.


 


Restrições


 


O comissário da União Européia para meio ambiente, Stavros Dimas, afirmou recentemente que pode ser mais fácil adaptar os países pobres às mudanças climáticas do que tentar um novo acordo que diminua a emissão de gases que causam o efeito estufa, já que os atuais objetivos para os países ricos sob o Protocolo de Quioto expiram em 2012.


 


“Discussões a respeito desta questão vital da ação global depois de 2012 vão continuar em Nairóbi. Este processo começou em maio e esperamos conseguir mais progresso nesta reunião. Mas é muito cedo para esperar um grande avanço”, disse Dimas.


 


Oficialmente, os países da União Européia e o Japão buscam alvos restritos no longo prazo. E o Reino Unido acabou de propor que a União Européia adote um objetivo de médio prazo de 30% de reduções até 2020.


 


Mas os Estados Unidos e Austrália, entre os países desenvolvidos, permanecem contra qualquer conversa a respeito de objetivos.


 


E não há possibilidade de um acordo incluindo nações desenvolvidas enquanto os dois países, que estão com os índices mais altos do mundo de poluição per capita, mantiverem suas posições.