Lula quer negociar com Meirelles mudanças no BC

Na esteira da discussão sobre crescimento econômico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer construir uma “solução negociada” com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para mudar alguns diretores da instituição. Mas já se sabe que um

 



Ortodoxo e considerado “linha dura” pelo governo, Bevilaqua já esteve várias vezes na “marca do pênalti”, especialmente no ano passado, mas Meirelles conseguiu segurá-lo no cargo. O diretor é um dos nomes apontados no Planalto como “burocrático” e “tecnocrata”. No diagnóstico do grupo desenvolvimentista da Esplanada, ele cria entraves para o crescimento.


 



Bevilaqua sempre foi identificado pelo Planalto como líder da ala conservadora do Banco Central, contrário à queda mais acelerada dos juros. Age, porém, sob a chancela de Meirelles, o qual Lula pretende manter no comando da instituição, ao menos no primeiro ano do segundo mandato.


 



Em conversas reservadas, o presidente tem dito que Meirelles “segurou o rojão” nos momentos difíceis do governo e não planeja descartá-lo. É muito grato ao trabalho do comandante do Banco Central. Observa, no entanto, que pretende entrar em entendimento com ele para alterar parte da diretoria do BC.


 



Eleito


 



Em 2002, após ser eleito deputado federal mais votado pelo PSDB de Goiás, Meirelles só aceitou a missão de trocar o certo pelo duvidoso depois de obter garantias de Lula de que teria “plena autonomia” para montar sua equipe. “O presidente não fará nada sem consultá-lo”, assegurou ontem um interlocutor de Lula.
“Mas realmente ele já disse que há, no Banco Central, alguns diretores que não entendem nada de ´povo´, são burocráticos, tecnocratas e só pensam em viés de alta e viés de baixa.”


 



Figuram no time dos conservadores do BC, ao lado de Bevilaqua, os diretores Rodrigo Azevedo (Política Monetária), Mário Mesquita (Estudos Especiais) e Paulo Vieira da Cunha (Assuntos Internacionais), todos afinados com a linha da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. O diretor considerado mais “flexível” na cúpula do banco é Alexandre Antonio Tombini, titular de Normas e Organização do Sistema Financeiro.


 



Para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o espaço da política monetária, no segundo mandato de Lula, não se sustenta sem política fiscal. “Mas eu acho que o Banco Central não pode ter uma posição de quem não quer correr nenhum risco”, argumentou.


 



“Nós chegamos a ter inflação abaixo da meta, mas, em compensação, isso teve um custo muito alto sobre o crescimento.” Mercadante defende um programa fiscal mais profundo que, se for adotado, criará condições para a queda mais acelerada dos juros qualquer que seja o perfil da diretoria do Banco Central.


Fonte: Invertia