Comunistas chineses vão às urnas e lutam contra venda de cargos

A eleição legislativa ocorre no momento em que o comando do Partido Comunista chinês atua para interromper uma prática condenável de alguns maus dirigentes intermediários do Partido: a venda de cargos públicos.

O presidente chinês Hu Jintao depositou na última quarta-feira seu voto em um posto de votação na localidade de Zhongnanhai, centro de Pequim, para eleger novos deputados para a Assembléia Popular local em seu distrito. 


 


O ex-presidente chinês Jiang Zemin também votou na mesma seção, localizada no complexo da sede do governo central e do  Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh). 


 


Outros líderes depositaram seus votos em suas próprias seções de votação, entre eles Wu Bangguo, Wen Jiabao, Jia Qinglin, Zeng  Qinghong, Wu Guanzheng, Li Changchun e Luo Gan. 


 


Mais de 8 miljões de votantes na capital nacional compareceram a mais de 12 mil locais de votação para eleger 4.403  legisladores distritais e 9.983 legisladores de cantões.


 


Venda de cragos preocupa PCCH


 


A eleição legislativa ocorre no momento em que o comando do Partido Comunista chinês atua para interromper uma prática condenável de alguns maus dirigentes intermediários do Partido: a venda de cargos públicos.


 


A prática se tornou uma das principais manifestações da corrupção no Governo chinês, alertou um ex-representante da organização do Partido Comunista da China (PCCh), citado hoje pela agência estatal “Xinhua”.


 


Zhang Quanjing, ex-diretor do departamento de organização do PCCh, disse que “há pessoas dispostas a tudo, inclusive a matar, para ascender em sua carreira profissional” dentro do partido comunista, que tem 70 milhões de membros.


 


“É horrível ouvir que um oficial chinês matou seu superior só para conseguir um posto mais alto”, disse Zhang à revista “Southern Weekly”.


 


Zhang assumiu altas responsabilidades dentro do PCCh entre 1994 e 1999 e disse que, desde 1982, uma nova geração de membros do partido menos ideológicos, porém mais qualificados, substituiu os antigos quadros de comando, que chegaram a seus postos após lutar durante anos pela causa socialista.


 


“Os antigos oficiais do PCCh, que sobreviveram aos tempos de guerra, eram diferentes dos jovens de hoje, que tendem a pensar (mais) neles mesmos e buscam, além de todo poder, salário, status, alojamento e atendimento médico”, lamentou Zhang, em entrevista ao veículo.


 


“Esta forma de pensar é um caldo de cultura para inveja e promove a compra de cargos para conseguir a promoção”, acrescentou Zhang, que também apelou por uma maior transparência na contratação de funcionários para deter a compra e venda de postos governamentais.


 


Em 2005, 334 oficiais do PCCh receberam duras críticas por tentar se promover ilegalmente dentro do partido e 97 foram punidos, de acordo com as normas disciplinares em vigor.


 


Zhang avaliou a ajuda do público para abordar o problema e lembrou que o envio de cartas e as delações ajudaram a revelar vários casos de corrupção durante os últimos anos, o que mostra a importância da sociedade na luta contra a corrupção.


 


Até o momento, pelo menos 85 mil funcionários públicos já foram punidos em uma campanha implementada em 2003 e destinada a recuperar a imagem ruim do Partido Comunista, construída pela corrupção praticada por que seus comandantes.


 


O último escândalo de corrupção na China, o maior em dez anos, revelou o desvio de 10 bilhões de iuanes (cerca de US$ 1,25 bilhão) dos fundos de pensões de Xangai destinados a fazer empréstimos e investimentos ilícitos.


 


Este episódio provocou a queda do mais alto funcionário político da cidade em setembro, o secretário-geral do Partido Comunista da China em Xangai, Chen Liangyu, e do responsável pelo Escritório de Estatística nacional, Qiu Xiaohua, entre muitos outros altos funcionários.


 


Desde sua chegada ao poder, o presidente da China, Hu Jintao, defende o fim desta praga política que gera insatisfação entre a população e descrédito para o partido que governa a China desde 1949.


 


Da redação,
com informações da Xinhua