PCdoB participa, em Beirute, de encontro em apoio à resistência libanesa
Começa nesta quinta-feira (16) e se estende até domingo (19), em Beirute, o Encontro Internacional em Apoio à Resistência. Organizado pelo PC libanês, o Partido de Deus (Hezbolá), a Tribuna da Unidade Nacional, o Movimento do Povo e a Rede das Associações
Publicado 15/11/2006 19:15
O PCdoB participa do encontro, representado pelo seu secretário de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho. “Vamos levar a solidariedade dos comunistas brasileiros à resistência do povo libanês, vítima da guerra e de ações agressivas feitas com falsos pretextos que, na verdade, obedeciam aos ditames do expansionismo israelense e do ‘plano de reestruturação do Oriente Médio, concebido pelo imperialismo norte-americano”, declarou José Reinaldo. O dirigente enfatizou ainda o desrespeito aos direitos dos povos como uma das principais agressões sofridas pelos libaneses. “Foi uma guerra que, além de golpear a soberania libanesa e causar a perda de vidas humanas e imensos danos econômicos e materiais, constitui uma violação flagrante ao direito internacional”.
Entre os pontos práticos do encontro estão a abordagem, no âmbito jurídico, das gestões necessárias para levar Israel à Corte Penal Internacional, defender as vítimas das ações militares israelenses e realizar um Tribunal dos Povos, nos moldes do Tribunal Russell. Além disso, estará em pauta a reestruturação do país, dadas a escala de destruição e as necessidades da população. Um ponto ressaltado pelo documento sobre o encontro, divulgado pelos organizadores, é a criação de uma rede árabe coordenada como forma de unir os árabes na resistência contra o imperialismo. O documento lembra ainda que o encontro tem por meta criar as bases de um processo dentro do marco político da reação à guerra. Embora não tenha caráter conclusivo, o encontro possibilitará a criação de ferramentas para o trabalho permanente do movimento libanês. “O objetivo é melhorar a capacidade de resistência frente o novo ataque imperialista e dar um passo mais adiante,saltando de uma ação de coordenação a uma ação efetiva”, ressalta o texto.
Selva
Em julho e agosto deste ano, o Líbano enfrentou um dos piores momentos de sua história recente. Foram 33 dias, entre julho e agosto, de forte ofensiva militar que teria deixado um saldo de 1.200 mortos, uma violência sem precedentes que transgrediu todos os limites estabelecidos pelas convenções internacionais, como a de Genebra. “A agressão colocou na ordem do dia o modelo que o novo imperialismo tenta estabelecer nos âmbitos político, econômico e social. É o modelo mais forte de hegemonia, que desrespeita todas as normas que organizam as relações sociais e o poder. É a selva”, alerta o texto dos organizadores.
Além disso, os libaneses ressaltam que “os Estados Unidos da América anunciaram que a guerra do Líbano teria como objetivo criar um ‘novo Oriente Médio’. Anteriormente, Washington havia declarado que sua guerra no Iraque ia estabelecer um ‘grande Oriente Médio’. Para dominar o Iraque, os EUA fez o possível para desmembrar o país, produzindo uma guerra civil e o banho de sangue de que somos testemunhas”, completando que, “ao mesmo tempo, o governo estadunidense desenvolve estratégias que complementam as ações militares para provocar sanguinários enfrentamentos internos que levam ao caos e à desintegração do Líbano”.
O documento diz que, frente à “maquinaria de guerra tão bárbara e brutal”, a resistência do povo libanês consiste na “não submissão daqueles que viram cair milhares de bombas sobre suas cabeças, na eficácia da força combativa da resistência que fez o agressor sofrer grandes perdas apesar de sua superioridade armamentista; e na presença de uma ampla corrente política e popular que compartilha dessa visão e que se mostrou coesionada e coordenada, apesar de estar composta por forças de grande diversidade intelectual e ideológica”. Por fim, os organizadores lembram que “os libaneses, independentemente de suas convicções políticas, conheceu um orgulho particular porque seu pequeno país pôde fazer frente a esta máquina de guerra aplastante e conseguiu frustrar seus planos”.