Artigo: A Quem o PCdoB Incomoda?

George Câmara *


 Graças à luta de muita gente, o nosso país trilha hoje um novo caminho, bastante diferente do rumo neoliberal patrocinado pela elite nas duas últimas décadas. A vitória das forças democráticas e populares no Brasil, ainda

Pontos como desenvolvimento, soberania nacional, democracia e direitos do povo não estavam em pauta na agenda do governo anterior, do PSDB-PFL. Essa dupla patrocinou apagões, privatizações, desemprego crescente e toda a ordem de ataques ao povo brasileiro, reduzindo a patamares ínfimos a soberania, a democracia e a cidadania.
 O Partido Comunista do Brasil muito se orgulha de ter participado, ativamente e na linha de frente, de todas as lutas em defesa do Brasil e do povo brasileiro ao longo dos últimos 84 anos. Desde 25 de março de 1922 até o presente, tem participação efetiva em todas as lutas, pagando quase sempre um preço muito alto, com o próprio sangue de valorosos dirigentes e militantes.
 Sem abrir mão de seus princípios revolucionários, credenciou-se como o Partido da liberdade e da democracia, tal o seu compromisso com essas bandeiras dentro de um país marcado, como o Brasil, por todo o tipo de autoritarismo e pelas injustiças.
 Hoje compartilha, com os setores mais avançados da sociedade brasileira, as responsabilidades de um governo democrático, tendo à frente o Presidente Lula. Por circunstâncias políticas que muitas vezes independem de nossa própria vontade e por capacidade política e compromisso com o avanço, o PC do B ocupa hoje o importante papel de presidir a Câmara dos Deputados, tarefa levada a efeito pelo Deputado Aldo Rebelo, com muita dignidade e competência.
 Diante de sua caminhada de luta e coerência, o PC do B goza hoje de muita credibilidade e respeito junto ao povo, o que consideramos um grande patrimônio político. Por outro lado, desperta também o ódio de alguns. A velha direita, ultrapassada e rancorosa, não consegue aceitar democraticamente tal prestígio dos comunistas. Trata o assunto à base da cegueira política e do preconceito de classe.
 Abordando o fato inusitado de um comunista assumir a Presidência da República, ainda que por um dia, no Brasil, em recente artigo intitulado “E o PCdoB chegou lá”, no respeitado vespertino “O Jornal de Hoje”, um historiador tece críticas a esse Partido e acusa os seus militantes de “oportunismo histórico”, alegando que quem defende “ditaduras de esquerda” não estaria credenciado a atuar em ambiente democrático.
 Pena que tais afirmações venham exatamente de um historiador. Mas como tudo na vida tem mais de um lado, existem historiadores para diferentes gostos. Que a sociedade brasileira faça – como fez recentemente, contrariando a velha direita – o seu próprio julgamento.
 Ao PC do B, parabéns. Para ser, ao mesmo tempo, o Partido da revolução socialista e o Partido da democracia e da liberdade, é preciso muita capacidade política. Coisa que só a dialética explica.


George Câmara, petroleiro, é dirigente do PC do B/RN e ex- Vereador em Natal.