Correa diz que o povo equatoriano assumirá o poder no país

Respaldado por três pesquisas de boca-de-urna e pelo resultado parcial da apuração dos votos, o candidato progressista Rafael Correa se proclamou no início da madrugada desta segunda-feira (27/11)  vencedor do segundo turno das eleições presidenciais

Durante concorrida entrevista coletiva concedida em um hotel de Quito, Correa afirmou que a esperança foi a grande vitoriosa dessas eleições. ''Após uma longa e triste noite neoliberal, finalmente o povo equatoriano assumirá o poder no país'', afirmou.



Em um tom conciliador, Correa disse que é um dia histórico para a pátria, sem vencedores ou vencidos entre os cidadãos. ''Começamos a recuperar a pátria. Hoje não termina uma jornada, começa uma outra decisiva, jamais nossa luta foi por enviar um homem à Presidência, sempre foi pela pátria'', afirmou.



O provável presidente eleito diz que recebe a vitória com serenidade porque entende que ''tanta ilusão, alegria e esperança de todo o povo não é por dois cidadãos, mas por esse afã de mudança, por acreditar que uma pátria nova e melhor para todos e todas é possível''. Para Correa, sua virtual vitória é uma demonstração que, ''após muitos anos de trevas políticas, econômicas e sociais excludentes'', a esperança dos equatorianos não foi roubada.



''Hoje, essa esperança venceu e por isso recebemos o triunfo com profunda serenidade e humildade, porque sabemos que não é o apoio a duas pessoas, mas à esperança. Nós somos tão só instrumentos do poder cidadão'', afirmou.



Gabinete
O economista de esquerda, de 43 anos, tinha tanta confiança em sua eleição durante a entrevista que chegou a anunciar parte de seu gabinete, no qual figuram vários dos porta-vozes de sua campanha: Ricardo Patiño será seu ministro da Economia, Alberto Acosta assumirá a pasta de Energia e Carlos Casal será o presidente da empresa estatal Petroecuador.



Além disso, informou que o ativista de direitos humanos Gustavo Larrea será seu ministro de Governo e Polícia e Janet Sánchez será a titular da pasta de Bem-estar Social.



Correa assinalou também que hoje começa uma nova ''etapa decisiva para o país'' e reiterou seu plano de construir ''uma pátria altiva e soberana'', afastada do neoliberalismo e oposta à política tradicional.



Constituinte
Correa insistiu em sua intenção de convocar, logo após assumir o poder, em 15 de janeiro de 2007, uma consulta popular que permita instaurar uma Assembléia Nacional Constituinte que elabore uma nova Carta Magna.



Além disso, o candidato esquerdista descartou que seu governo reverterá a dolarização da economia nacional, da qual foi crítico, e repetiu que seria pior deixá-la no atual momento.



Correa também reiterou que não assinará o Tratado de Livre-Comércio com os EUA e disse que estudará a possibilidade de o Equador voltar a fazer parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), da qual saiu há mais de uma década. A renegociação da dívida externa também foi abordada pelos jornalistas, e Correa afirmou que não descarta a aplicação de uma moratória dos passivos internacionais.