Marcha pelo Salário Mínimo esquenta ruas de SP e BA
Centenas de pessoas marcharam pelas ruas de São Paulo (SP) nesta quarta-feira (29/11), em defesa do reajuste de R$ 420 do salário mínimo e pela anulação do aumento das tarifas de transporte na cidade. Em Salvador (BA), trabalhadores de diversas categorias
Publicado 29/11/2006 19:58
Lideradas pelas centrais sindicais, as manifestações foram um aquecimento para 3ª Marcha Nacional do Salário Mínimo, que ocorrerá em Brasília, em 6 de dezembro. Também houve atos pré-marcha nos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais.
Será realizado um seminário no Congresso Nacional, no dia 6, com a presença do presidente da Câmara Federal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e líderes de partidos. Para o dia seguinte, os sindicalistas têm reunião marcada com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e da Fazenda, Guido Mantega.
Começo positivo
A avaliação das centrais sindicais é que os atos desta quarta-feira conseguiram boa resposta da população ao divulgar a luta pelo reajuste do salário mínimo. As centrais reivindicaram a continuidade da política de reajuste progressivo – que garantiu 25% de ganhos reais no governo Lula – e a correção da tabela do Imposto de Renda, com reajuste de 7,77%, zerando as perdas dos últimos quatro anos.
O ponto alto da caminhada em Salvador aconteceu em frente à Delegacia Regional do Trabalho, onde foi realizado um grande protesto em defesa da valorização do trabalho. Bancários, metalúrgicos e outras categorias, ao lado da CUT-BA e da Força Sindical, chamaram a atenção para o grande objetivo da atividade: “Desenvolvimento Econômico com Distribuição de Renda”.
Na avaliação de Everaldo Augusto, membro da Corrente Sindical Classista (CSC) e da Executiva Nacional da CUT, a atividade é de extrema importância. O ato pré-marcha, segundo o sindicalista, permite reunir as classes trabalhadoras, inclusive os aposentados, para essa luta em nome do aumento real de salário.
São Paulo
A mobilização na capital paulista foi organizada pela CUT-SP e contou com a participação, também, da UNE e das outras centrais – Força Sindical, CGTB, CGT, CAT e SDS. Durante o ato político, foi lido o manifesto elaborado pelo conjunto das centrais. “A união com as centrais sindicais é sinônimo de amadurecimento. Essa unificação é fundamental na conquista de nossas bandeiras”, opinou o presidente da CUT-SP, Edílson de Paula.
Já Paulo Pereira, presidente da Força Sindical, também afirmou que a luta pela recomposição do salário mínimo só tem a crescer com a unificação das centrais. “Esse é o momento de discutir o reajuste do salário mínimo”, declarou. “É agora que o governo está decidindo para onde vai o dinheiro.”
Para o presidente UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), Tiago Andrade, os movimentos sociais e estudantis precisam trabalhar juntos. “O movimento estudantil tem que travar diálogo para deixar claro que não aceitaremos que o governo trate esses movimentos como criminosos”.
Contra o aumento da tarifa
Ele também lembrou da campanha dos estudantes de São Paulo contra o reajuste abusivo das passagens. “A luta pelo salário mínimo assim como luta contra o aumento das tarifas no transporte também é nossa. Hoje somos estudantes e amanhã seremos trabalhadores”, afirmou.
Após o encontro, representantes de movimentos sociais e estudantis foram até o Ministério Público do estado, onde entregaram um pedido de liminar para suspender os aumentos das tarifas. A partir desta quinta-feira, as passagens de ônibus e metrô custarão R$ 2,30, enquanto o Bilhete Único passará a R$ 3,50.
Confira a íntegra do manifesto distribuído pelas centrais
Dia Nacional de Luta 2006
Por um salário mínimo de R$ 420,00
No dia 6 de dezembro, a classe trabalhadora brasileira, convocada pelas centrais sindicais, realizará a “III Marcha Nacional do Salário Mínimo”, pela valorização permanente do salário mínimo, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário e pela correção da tabela do IR, tomando as ruas da capital federal em mais uma atividade da maior campanha salarial do mundo, que busca o desenvolvimento econômico e social, com distribuição de renda em nosso país.
Reivindicando salário mínimo de R$ 420,00, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e reajuste de 7,77% na tabela do Imposto de Renda, milhares de trabalhadores de todo país estarão em Brasília, para exigir dos parlamentares e do Governo que o Orçamento da União destine recursos necessários à implementação dessas metas e para as políticas sociais no próximo ano.
Cerca de 43 milhões de trabalhadores, no mercado formal e informal, recebem até 2 salários mínimos. Outros 16 milhões de aposentados e pensionistas recebem benefícios de até 1 salário mínimo. O salário mínimo é referência para: as remunerações de baixa renda, o piso de benefícios previdenciários, o valor do seguro-desemprego, o abono salarial e o auxílio-maternidade. É um importante instrumento de redução da pobreza e das desigualdades e se constitui em mecanismo de ativação do mercado interno com o conseqüente desenvolvimento econômico.
Como se observa, consolidar uma política permanente de valorização do salário mínimo significa acima de tudo distribuição de renda e ampliação do poder aquisitivo de uma expressiva parcela da população em todo país, principalmente nos Estados e Municípios mais carentes.
O aumento do salário mínimo e o reajuste da tabela do Imposta de Renda – diminuindo a carga tributária do trabalhador – significam mais consumo, mais emprego e mais renda, num ciclo de crescimento que se contrapõe aos juros, ao superávit primário altos e à especulação financeira. Prioridade social no Orçamento para atingirmos a justiça social plena, esta é a nossa luta e o nosso compromisso! Todos à Brasília.
– POR UMA POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
– REAJUSTE DA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA EM 7,77%
– REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO PARA 40 HORAS
– DESENVOLVIMENTO COM DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Assinam: CUT, CGTB, CGT, CAT, Força e SDS