Blanchard Girão:O dono do poder

Só um energúmeno poderá ser contra essa idéia conciliatória. Afinal, o pais perdeu o ano todo (2006) engolfado em denúncias, muitas delas caluniosas, outras produzidas pelas deficiências do sistema, a exemplo do ''mensalão'', recurso aético e ilegal para alcançar a governabilidade.

Louvável, pois, o esforço do Presidente em construir uma frente ampla, em nome dos superiores interesses da Nação. O governo não pertence a Lula, nem ao PT, nem ao PMDB, nem a qualquer outro partido. O governo é do povo, estará ali por determinação de mais de 58 milhões de brasileiros que, através da legitimidade das urnas, delegaram ao cidadão Luis Inácio Lula da Silva a responsabilidade de gerir os negócios pátrios por mais quatro anos.

Para atingir seus objetivos, Lula tem repetido que não está pondo em pratica a clássica ''doutrina'' do é dando que se recebe… Não estaria trocando apoio por ministérios e outros cargos. Isto seria, evidentemente, um erro palmar que, mais dia menos dia, aproximando-se a próxima eleição sucessória, se desminlinguará em meio a outra torrente de escândalos, falsos ou verdadeiros, com as mesmas conseqüências nocivas aos destinos da Nação.

Um governo de coalizão, sim, em alto nível, de caráter programático, compromisso assumido ''de papel passado'' por todos os que irão constituí-lo. Este é o ideal colimado, inclusive com a presença de uma oposição responsável, não como a atual movida pelo ódio e pelo preconceito que têm marcado sua atuação nos últimos tempos.

O Presidente Lula, portanto, deve assumir, antes e acima de tudo, uma obrigação com o povo brasileiro, pois só dele, nas horas mais difíceis, encontrará o apoio indispensável à governabilidade.

Ouvir o povo, sentir os seus anseios, viver a sua realidade é a única receita para um governo indestrutível.

Blanchard Girão é jornalista