Messias Pontes: A sociedade tem o direito de ser bem informada

A comunicação é um direito sagrado e inalienável de todos os povos. No nosso caso, esse direito é garantido pela Constituição Federal.

É importante que todos saibam que a comunicação é um bem tão essencial à vida como a saúde, a educação, a moradia e o lazer. E para que uma informação seja repassada à sociedade com fidelidade aos fatos, com objetividade e dentro dos princípios éticos, ela tem de ser trabalhada por um profissional habilitado, com formação específica. Além do diploma, o jornalista deve ter também o registro profissional na Delegacia Regional do Trabalho do seu estado. Sem isso, a qualidade da informação fica seriamente ameaçada.



 
A luta por uma informação de qualidade está obrigatoriamente associada à criação do Conselho Federal de Jornalista. Infelizmente, tanto a obrigatoriedade do diploma como a criação do Conselho vem sendo bombardeadas pelas grandes empresas de comunicação, e estas, na sua maioria, tratam a informação como uma mercadoria e não como um bem essencial à vida do cidadão. O que vem se observando em vários países do mundo, e, em especial no Brasil, ao longo dos anos, além de desrespeito é um crime contra a sociedade.


 


Outra grande luta não só dos jornalistas éticos, mas de todos os democratas brasileiros, é a da democratização da comunicação. É totalmente inadmissível que no Brasil apenas oito famílias dominem quase que cem por cento os meios de comunicação. Inadmissível também que uma única emissora, no caso a TV Globo, seja “dona” de mais de cinqüenta por cento da audiência. O poderio da Rede Globo é tamanha que até mesmo os jogos dos principais campeonatos regionais de futebol e até mesmo da seleção brasileira só começam após a novela das oito que, na realidade, é das nove horas. Isto é um abuso contra o povo e uma concorrência desleal para com as demais emissoras.


 


O que se observou na última campanha eleitoral foi um verdadeiro massacre contra a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um jogo muito mais sujo do que o verificado conta Getúlio Vargas, em 1954; contra Juscelino Kubitcheck, em 1955 e durante todo os eu governo; contra João Goulart, em 1964; e durante a campanha presidencial de 1989 contra o mesmo Lula. Veículos como a revista Veja, os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, a Rede Globo (rádios, jornal, revista e principalmente a televisão), dentre outros, praticaram o antijornalismo mais desbragado que se tem conhecimento na história. E são esses mesmos veículos que têm-se posicionado contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista e também contra a existência do Conselho Federal de Jornalista.


 


Os argumentos contra a obrigatoriedade do diploma e a necessidade do Conselho Federal de Jornalista são os mais falaciosos. Dizer que a exigência do diploma para o exercício da profissão é cercear o direito à liberdade de expressão é o que pode haver de mais falso e, até certo ponto, desonesto. Até mesmo jornalistas sérios têm embarcado nessa canoa furada. Qualquer pessoa, de qualquer origem, profissão, credo ou raça não só pode como deve se manifestar através dos meios de comunicação. Diariamente vemos nos principais jornais locais e de outros estados artigos escritos por não jornalistas, e isto é muito saudável.


 



O jornalismo é a única profissão que não tem o seu conselho. Por que? A obrigatoriedade do diploma e a criação do Conselho Federal de Jornalista são exigência da sociedade. O resto é desinformação, falácia ou má fé.


 


Messias Pontes é jornalista