Comunistas goianos avaliam campanha no estado

Por Luiz Orro, de Goiânia


Com a presença de Ronald Freitas, do Secretariado Nacional do PCdoB, os comunistas goianos abriram o processo de avaliação da campanha eleitoral de 2006. Em 1º de dezembro, foi realizado o Encontro Municipal do PCdoB d

O comitê estadual, após várias reuniões da Comissão Política, vai se reunir no próximo dia 14, quando deverá ser aprovado o documento de balanço eleitoral. Na seqüência, serão chamadas reuniões dos Comitês Municipais e Organizações de Base para debater a questão.




O insucesso nas urnas em 1º de outubro impõe ao PCdoB de Goiás realizar um aprofundado debate sobre as causas das seguidas derrotas acumuladas, pois desde 1998 o partido não elege deputado federal pelo estado, em 2004 perdeu as vagas de vereador em Goiânia, Catalão e Rio Verde, e agora, perde também a representação na Assembléia Legislativa.


O projeto político do PCdoB de Goiás para as eleições de 2006, elaborado pelo comitê regional e definido pela convenção eleitoral, tinha forte vinculação com o projeto nacional,  que apontava como prioridade a reeleição do presidente Lula. Como se aprovou, essa era questão central para fazer avançar as mudanças exigidas para a consolidação de um projeto de desenvolvimento da nação que diminuísse as desigualdades sociais e  elevasse o protagonismo das classes trabalhadoras.


Considerava-se que a construção de uma nova maioria política no Brasil, composta por forças de esquerda e de centro, evitaria o retrocesso da volta da direita neoliberal ao poder.


As repercussões das denúncias contra o governo Lula e as dificuldades econômicas enfrentadas pelo agronegócio criaram um clima bastante desfavorável às forças democráticas e progressistas em Goiás, estado onde as forças conservadoras, lideradas pelo agronegócio, têm grande influência política.


O resultado disto foi que, no primeiro turno, Alckmin venceu com 54,78% dos votos, enquanto Lula obteve 40,17%. Já no segundo turno, houve uma virada de Lula em Goiás, que teve com 54,78% dos votos, enquanto o tucano ficou com 45,22% dos votos.


Outra questão destacada era a contribuição de Goiás no enfrentamento da reacionária cláusula de barreira através do lançamento da candidatura a deputado federal de Fábio Tokarski,  que vinha realizando um exitoso mandato na Assembléia Legislativa. Apesar do grande esforço e dedicação, os comunistas goianos não tiveram sucesso. O resultado eleitoral do projeto do PCdoB foi que na candidatura de deputado federal, Fábio Tokarski obteve 30.261 votos, ficando na segunda suplência.

Obtivemos ainda 1.815 votos de legenda. No PT, Rubens Otoni foi o mais votado e alcançou 87.258 votos, Pedro Wilson obteve 49.949 e Neyde Aparecida, 44.557 votos.




Esquerda goiana sai fragilizada


A coligação da qual o PCdoB fazia parte elegeu quatro deputados estaduais, três do PT e uma do PSB. Mauro Rubem com 11.544 votos, foi o menos votado. Os  candidatos comunistas tiveram a seguinte votação: Lúcia Rincón – 3.294; Ailma Maria – 2.858; Prof. Wilson – 1.401; Prof. Fabrízio – 1.168; Piscão – 445; Gilmar – 416; Carlos Magno – 257; Cleber – 2. O candidato Baloia, de Catalão, teve sua candidatura impugnada e os votos anulados. O total de votos do PCdoB foi de 9.841 votos, contando com mais 3.505 votos de legenda. Aldo Arantes, que foi candidato ao Senado, obteve 115 mil votos.


Para o governo estadual, Alcides Rodrigues (da Coligação PP/PSDB) se elegeu em segundo turno, fortalecendo a corrente política liderada pelo ex-governador Marconi Perillo e impondo derrota ao PMDB, cujo candidato, o senador Maguito Vilela, liderou as pesquisas durante a maior parte do 1º turno. A derrota se deveu, fundamentalmente, ao salto alto dos peemedebistas e à pressão dos setores conservadores presentes do interior do partido por lançar a chapa “puro sangue”, rejeitando alianças no primeiro turno, em especial com o PT e PCdoB. Para o Senado, Marconi Perillo elegeu-se com consagradora votação, de mais de 70% dos votos.


No resultado geral, a esquerda goiana sai fragilizada das eleições. Nem o PCdoB, nem o PSB elegeram deputado federal. O PT consegue manter as duas cadeiras, porém com uma votação muito inferior a da última eleição. Para deputado estadual, o PCdoB perdeu sua representação, o PSB elegeu uma deputada e o PT reduziu sua bancada de quatro para três deputados.


Mesmo com a derrota eleitoral, os comunistas desse rincão do cerrado não se abateram e partem, com unidade, para a tarefa de repaginar o partido e suas estratégias a partir dos ensinamentos que já começam a ser colhidos da refrega eleitoral. Afinal, há valorosos quadros e militantes no partido, com larga trajetória política e  respeitabilidade conquistada junto à sociedade. Como perspectivas para o futuro, estão sendo considerados como tarefas centrais a necessidade de vincular-se, de forma intensa e profunda, ao movimento social e de massas; desencadear ampla campanha de filiação; reforçar a formação política e ideológica dos militantes e quadros; e preparar, desde já, o projeto eleitoral para 2008.