Protestos contra celulose chegam a Buenos Aires

No final dos protestos, os manifestantes entregaram uma carta ao governo argentino, em que pedem o cumprimento das promessas do presidente Néstor Kirchner de fazer da política ambiental uma questão de Estado. No documento, os moradores criticam “a desídia governamental, o desleixo no cumprimento das leis, a busca ambiciosa de créditos políticos e econômicos e a corrupção, causas pelas quais todos os dias morrem muitos cidadãos naquele país”.

Em entrevista à Agência de Notícias IPS, Alejandro Gahan, um dos integrantes da Assembléia Ambiental Cidadã de Gualeguaychú, mostrou satisfação pelo protesto. De acordo com o ambientalista, houve uma grande diversidade de moradores do interior do país, o que é muito importante porque quando os governos estão longe dos problemas os cidadãos devem se mostrar ativos. Marina Páez, da Assembléia Popular Ambiental de Colón, diz à Rádio Mundo Real que a expectativa que se tem é muito além do protesto, é de conseguir barrar a expansão da celulose, organizando a população para isso.

Argentina e Uruguai contracenam um dos maiores conflitos diplomáticos da América do Sul nas últimas décadas. A construção de duas fábricas de celulose, a Ence e a Botnia, nas margens do Rio Uruguai, dividiu as duas nações. O governo uruguaio apóia a instalação das empresas, mas a presidência argentina, moradores locais e ambientalistas dos dois países são contrários, alegando o perigo de contaminação química do rio.

Para deter a construção das fábricas, foi criada a Assembléia Ambiental Cidadã da cidade argentina de Gualeguaychú, que vem organizando sucessivos protestos. Além deste realizado em Buenos Aires, a organização já promoveu bloqueios de rodovias e da ponte que liga os dois países. Nesta terça-feira, a empresa espanhola Ence anunciou que mudará de local, construindo a sua fábrica na província uruguaia de Colonia, às margens do Rio da Prata, no Sudoeste do país.

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