Eleições 2006: Acendeu luz amarela no projeto de esquerda em BH.

O PCdoB-BH em sua reunião ordinária fez um importante levantamento das eleições 2006. O documento ressaltou que, mesmo com a vitória de Lula, a direita obteve o maior crescimento eleitoral na história da cidade acendendo uma luz amarela no projeto de esqu

O Comitê Municipal de Belo Horizonte faz balanço do Processo eleitoral em 2006. O documento ressaltou o crescimento da votação da direita, e a expressiva redução da votação de Lula de 2002 para 2006. O documento também aponta o fraco desempenho da votação de Nilmário Miranda, candidato ao Governo do Estado, fruto de um forte ataque da direita conservadora e a divisão interna do PT,  quando ficou clara a tendência de não apoiar a candidatura, o que na prática significou, o fortalecimento da candidatura  Tucana na Capital.
 
Quanto a disputa na Câmara Federal, os comunistas da Capital entraram nas eleições 2006, certos que seria uma das batalhas políticas mais duras no Partido. O PCdoB-BH participou de forma decisiva na retomada do mandato federal, tendo como base do êxito, a formulação da tática eleitoral.
 
Quanto ao sucesso da tática com a manutenção do mandato na Assembléia, a votação dos comunistas na Capital revelou algumas fragilidades cuja permanência pode debilitar projetos futuros.  No geral, o desempenho eleitoral de Belo Horizonte foi fundamental para a expressiva vitória política do Partido em Minas Gerais.


Veja o documento na integra:


 


Balanço das eleições 2006 em Belo Horizonte


Dirigida a 13 anos ininterruptos por uma frente de centro-esquerda, da qual o PCdoB participa, Belo Horizonte tem se colocado como parte importante do debate político nacional e se insere numa perspectiva de avanços democráticos e desenvolvimentistas. Os resultados das eleições majoritárias dão indicativos importantes para esta análise, com sinais preocupantes para a continuidade e avanço de seu projeto.


Se comparado a 2002, o desempenho eleitoral do presidente Lula em 2006 sofre uma queda de 14% em sua votação no primeiro turno e 12% no segundo. Em 2002 a diferença no segundo turno foi 51%, diminuindo em 2006 para 26%, com o candidato do PSDB obtendo significativa votação junto ao eleitorado belorizontino, com especial crescimento em setores da pequena-burguesia. A direita subiu a sua votação polarizando com o campo dirigido pela esquerda da capital.


No que se refere à votação para o governo do estado, o tucano Aécio Neves subiu sua votação de 45% em 2002 para 82% em 2006, enquanto o candidato do campo de apoio do Presidente Lula caiu sua votação de 42% para 16% em 2006. A diferença que foi de 23% em 2002 subiu para 67% em 2006. O fraco desempenho da candidatura Nilmário  deve ser objeto de uma análise mais aprofundada, uma vez que alguns fatores importantes devem ser considerados: o primeiro diz respeito à ofensiva da direita sobre o governo Lula e especialmente sobre seu partido provocando certo enfraquecimento de sua legenda; o segundo fator é a divisão interna do partido de Nilmário, quando ficou clara uma tendência dúbia em BH, de não fortalecer a sua campanha, o que na prática significou o fortalecimento da votação tucana na capital, num quadro de polaridade política nacional.


A esse cenário é acrescida a disputa para o Senado, com lançamento de uma candidatura do campo de apoio a Lula, com desempenho próximo ao candidato ao Governo do estado pela Força do Povo. Ficou claro mais uma vez a dificuldade de compreensão política por parte de setores de Frente, que optaram por tergiversar com nome fora da coligação, dificultando ainda mais o tenso processo de disputa para o Senado, culminado com a derrota do campo de apoio a Lula e fortalecimento da direita mais conservadora, contribuindo negativamente para a correlação de forças no cenário político nacional.
Quanto a disputa para a Câmara, os comunistas da capital entraram nas eleições 2006, certos de que seria uma das batalhas políticas mais duras do Partido em Belo Horizonte, pois aqui convergem as maiores disputas políticas e ideológicas no estado.


A ampliação da coligação fez com que fosse elevada a meta de votos, já que aqui se concentra a base eleitoral mais consolidada do PCdoB.


Ficou límpido desde o primeiro momento que a questão política prioritária era reconquistar o mandato federal, recolocando os comunistas no cenário político mineiro de forma destacada. A disputa foi também de concepção ideológica.


A meta foi subir a votação para Dep. Federal em 23.535 votos atingindo 60.000 votos na cidade, elevando em 61% a votação do PCdoB.


Nesse sentido foi implementada uma tática de concentração na candidatura federal, única via pela qual se poderia obter esses resultados. O PCdoB-BH participou de forma decisiva na implementação da tática, organizando sua militância para pedir votos prioritariamente para Deputada Federal, estruturando as brigadas para fazer a campanha em todas as camadas sociais e regiões geográficas, alocando os principais quadros e militantes para dirigir a campanha e aglutinar uma ampla e extensa rede de apoio, auxiliada por uma forte ofensiva política na cidade, tendo como núcleo central os quadros militantes do Partido. A tática relativa à formação de uma ampla de rede de apoio, para além da estrutura partidária mostrou-se acertada.


A votação para Dep Federal, somando a legenda, subiu em 57%, atingindo 57.539 votos dos quais 55.700 foram nominais. Este resultado deu ao PCdoB, uma posição destacada na cidade, obtendo o terceiro lugar geral e o segundo mais votado da esquerda na capital; nesta votação, observa-se um desempenho eleitoral bem distribuído na cidade, atingindo setores sociais importantes, tanto quanto as regiões.


A elevação da  votação do PCdoB em Belo Horizonte mostra a ampliação da influência política do Partido, e a afirmação de uma base política consolidada e ascensão;


No que se refere á implementação da tática para deputado estadual, Belo Horizonte enfrentou uma situação de peculiaridade, constituindo-se na única cidade com mais de um candidato á deputado (com 6 candidaturas), o que na prática levou a um certo nível de dispersão das campanhas, ainda que sem prejuízos para a candidatura federal. Ressalte-se que em certa medida, a candidatura federal fortaleceu as candidaturas estaduais, com poucas exceções. O Partido obteve em BH 32.633 votos, dos quais 29.912 foram nominais. Os candidatos originados da cidade obtiveram 22.900 votos no próprio domicilio.


A votação para os estaduais é reveladora de algumas fragilidades, cuja permanecia pode debilitar projetos futuros. Uma delas consiste no curto tempo de preparação para a corrida eleitoral e fraca base material que persiste como um grande problema. Outro aspecto importante reside na necessária ampliação de contratos e instrumentos que permitam maior alcance junto ao povo, o que na prática requer maior organização, com militância mais constante. Os quadros e militantes do Partido precisam ampliar seus respectivos raios de ação para além das estruturas partidárias, provocar maior enraizamento, com conseqüente politização do debate. As eleições para deputados estaduais mostraram a necessidade de um protagonismo político e social mais permanente de toda a militância partidária.


Quanto à participação da estrutura partidária no processo eleitoral, notou-se certa dificuldade para de mobilização no início da campanha, com alguns quadros e importantes militantes, cuidando de agendas incompatíveis com as prioridades políticas do Partido, o que foi resolvido somente na fase mais avançada das campanhas. Note-se ainda que houve erros táticos nas campanhas estaduais, cujas análises precisam ser aprofundadas de forma autocrítica;


E geral, o desempenho eleitoral de Belo Horizonte foi fundamental para a expressiva vitória política do Partido em Minas. As urnas mostraram uma enorme defasagem entre a influência política crescente e a estrutura orgânica. A votação para federal foi fruto da tática acertada, e colocou o Partido com uma força política em ascensão o que o credencia para o protagonismo político em novo patamar. Cabe aos comunistas consolidar e ampliar esta posição, preparando-se para batalhas políticas maiores por uma profunda avaliação do processo político em curso, especialmente o notável crescimento das forças políticas de direita, liderado pelo tucunato, amparado em certa medida por importantes agentes políticos do nosso campo. Neste sentido, o PCdoB deverá ampliar a sua ação de massa como forma de enraizar-se junto ao povo, travando intenso debate político e crescendo as suas fileiras.


Como dado político fundamental as eleições mostraram forte ascensão da direita em BH e deve ser motivo de preocupação, pois está em curso um retrocesso político para a cidade, o que exige como medida, maior intensidade de ações de fortalecimento do campo democrático-popular, acima de questões meramente pragmáticas. Os comunistas devem atentar-se para esta significativa tendência no quadro de correlação de forças, pois reside aí, uma importante variável para os projetos vindouros especialmente as movimentações de 2008, quando o Partido deverá jogar um papel política mais destacado;


Comitê Municipal PCdoB-BH