Alesp concede aumento de 89% a futuros secretários de Serra

A pedido do governador eleito, José Serra (PSDB-SP), a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou na madrugada de ontem um reajuste de 89% no salário dos secretários estaduais e um projeto que cria três secretarias com 147 novos cargos de livre nomeação.

O salário dos secretários, que estava congelado desde 1995, saiu de R$ 6.262,00 para R$ 11.885,40 mensais. O gasto adicional com 24 secretários será de pelo menos R$ 1,7 milhão ao ano. O salário de Serra foi mantido em R$ 14.885,00, com a rejeição de emendas que poderiam elevá-lo (leia texto à parte). A votação, que envolveu outros projetos e foi feita em regime de urgência, acabou por volta das 5h de ontem.


 



Segundo o futuro secretário da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes Ferreira, a criação das secretarias de Administração e Gestão, de Comunicação e de Relações Institucionais “não representará” despesas adicionais. Num prazo de 120 dias, o governo deverá cortar cargos em outros órgãos públicos e secretarias.


 


Ontem, em entrevista coletiva, o governador Cláudio Lembo (PFL) disse temer que o reajuste dos salários dos secretários provoque “um efeito cascata”. “Você sabe que esse é um ato de competência da própria Alesp [Assembléia Legislativa]. Eu não participei desse ato. Confesso que eu acho que os secretários ganham muito pouco, mas tenho muito temor do efeito cascata do aumento, porque tem o secretário, tem o adjunto, tem o chefe de gabinete, tem os assessores. Então eu confesso que tenho grande preocupação quanto aos valores finais”, disse o governador.


 


Lembo afirmou reconhecer que “o secretário ganha mal”. “Serra, que é equilibrado e tem um conhecimento técnico grande, vai ter que eqüacionar esse problema”, disse Lembo, em visita a um restaurante popular no bairro Tucuruvi.


 



Indagado sobre a criação das três novas secretarias, o governador manifestou discordância: “É uma visão administrativa do governador Serra. Eu confesso que eu gostaria, mas não tive tempo, de diminuir secretarias. Ele achou melhor dar mais amplitude, dar uma visão mais orgânica. É preciso perguntar a ele o porquê. A filosofia é dele. A minha é, se possível, enxugar”.


Fonte: Folha de S. Paulo