Leia a íntegra do discurso de posse do novo governador do Estado do Maranhão, Jackson Lago, do PDT.

O discurso foi proferido pelo Governador do Maranhão Jackson lago, do PDT, na Cerimônia de passagem da faixa governamental realizada na tarde do dia primeiro de janeiro de 2007, na praça Maria Aragão, em São Luís. Abaixo, a ínt

Esta solenidade é o ato inaugural de um outro Maranhão. Um Maranhão que tem compromisso com seus filhos mais necessitados, com nossos irmãos esquecidos, com as crianças sem infância, os adultos sem esperança, as famílias sem porvir.
Conclamo todos os maranhenses para a grande tarefa de preparar o Maranhão para o seu destino de prosperidade e oportunidades. O governo que se inicia hoje tem um dupla e sagrada missão: restabelecer a autoridade do poder popular e montar as bases para a retomada da produção e do desenvolvimento.
Durante muitos anos, coube ao povo maranhense participar da política como quem assiste a um espetáculo. E que triste espetáculo! Agora é hora do povo do Maranhão tornar-se o sujeito ativo da política. È hora de devolver o Maranhão para o povo maranhense.
Você, homem e mulher maranhenses, serão partes deste governo. Vocês terão voz e vez no governo. Vocês terão voz e vez no governo que se inicia. Não há família melhor que a sua. Não há ninguém com mais direitos que você. Sua participação é tão valiosa quanto a de qualquer cidadão. No governo que se inicia hoje, sua presença é importante nos conselhos municipais, nas associações, nas escolas, nos fóruns de debates. A reconstrução do Maranhão é tarefa de todos os nós.
Este será também um governo dos movimentos sociais, das organizações da sociedade, dos sindicatos, das associações, das universidades. O governo de diálogo e da inserção social. Um governo de igualdade racial, de respeito às minorias, de reconhecimento às mulheres.
Nós políticos, não somos donos dos votos que nos foram confiados. Somos arrendatários da esperança do povo maranhense. Assumo o compromisso de fazer de cada ato, de cada gesto, de cada ação do meu governo um resgate dessa esperança.
Agradeço ao povo do Maranhão a graça que me concedeu de me confiar a sua mais alta investidura pública. Não por mérito meu, mas por força das circunstâncias que assim me permitiram a honra de ser portador do nobre sentimento de libertação.
Graças à determinação de seu povo, o Maranhão manda hoje, em alto e bom som, um recado para todo o Brasil. O Maranhão não tem dono! Somos um estado livre! O dono do Maranhão é o povo do Maranhão.
Ao tornar-se o provedor do seu destino, o povo maranhense sepulta a velha política de favores e favorecimentos. As políticas públicas serão dirigidas para quem delas precisa. Os investimentos serão aplicados para o benefício da população mais necessitada. Meu governo não será contra pessoas ou grupos. Será contra métodos e práticas que tornaram o Maranhão o estado mais atrasado do país.
O Maranhão não é um estado qualquer. É um estado do qual podemos e devemos nos orgulhar. Somos a fronteira ecológica entre o semi-árido do nordeste e a exuberância do ecossistema amazônico. Temos as virtudes e as potencialidades de ambos. Somos o berço de magníficas águas ofertados em rios, riachos, lagos e igarapés que irrigam um chão fértil e generoso. Temos o segundo maior litoral do país e abrigamos o maior berçário de vida marítima nos santuários dos manguezais. Seja na imensidão dos lençóis, ao norte, nas escarpas ao sul, nas verdejantes planícies da baixada, o Maranhão é pródigo em beleza e riqueza.
No entanto, somos também um estado elitista e autoritário, que tem sido historicamente instrumento dos senhores de terras, repartidas entre poucos e privilegiados. Criamos um Maranhão dividido entre os que possuem tudo e os que nada possuem. Entre a fartura de poucos e a necessidade de muitos. Essa gigantesca dívida social tem que começar a ser paga. É para esse Maranhão dos muitos que não tem nada que este governo hoje se forma.
Somos os herdeiros de seculares esperanças frustradas, de bravos maranhenses, os balaios, que há quase duzentos anos lutaram pela liberdade, pela propriedade do solo e contra o arbítrio. Eles foram derrotados pelo poder imperial, mas a sua luta ainda é a nossa luta. A bandeira da Balaiada, a insurreição do povo maranhense, ainda nos inspira a derrotar o atraso, a combater a intolerância, a acreditar no nosso povo.
Não fui eleito sozinho. Trago comigo companheiros de jornada, legiões de pessoas que compartilharam esse sonho de liberdade e a crença na organização de um governo popular e democrático. Não citarei nomes, que são tantos, mas o destino quis que esta solenidade fosse realizada aqui nesta praça que simboliza e testemunha uma das mais ilustres combatentes pela liberdade. Poderia ser Reis perdigão, William Moreira Lima, Neiva Moreira. Maria Aragão, este também é o teu governo. Lembrando o poeta, quem entrar neste governo, pise mansamente, pois estará caminhando sobre os sonhos de Maria Aragão.
Quis também uma feliz circunstância política que o meu governo coincidisse com o segundo mandato do presidente Lula. Com ele palmilhei, há alguns anos, o chão do Maranhão. Conversamos com quebradeiras de coco, visitamos pescadores, trocamos idéias com lavradores, homens e mulheres do interior do Maranhão. Guardo dessa jornada a lembrança de uma amizade regada por um sentimento que nunca os afastou. O sentimento de justiça social. Tenho certeza de que terei no presidente, ou melhor dizendo, no companheiro Lula, o parceiro que o Maranhão precisa para fazer os investimentos necessários ao seu desenvolvimento.
O povo do Maranhão deu ao nosso presidente uma votação consagradora que merecerá a sua gratidão.
Durante a campanha eleitoral, firmei compromissos com o povo maranhense. Tudo farei para cumprir cada compromisso de campanha. Nem todos serão possíveis já no primeiro ano. Alguns levarão tempo para se tornar realidade. A partir de hoje, estarei lutando dia e noite para cumprir com a palavra que empenhei em praça pública, nas dezenas de municípios que visitei.
Todos lembram que meu dístico na campanha foi trabalho, saúde e educação, para libertar o Maranhão. Não era apenas uma frase, um slogan. Era e continuará sendo uma declaração de princípio. Um compromisso que reitero aqui, nesta praça, com o povo da minha terra. È pelo trabalho, com saúde e com educação que o Maranhão construirá seu futuro de liberdade e oportunidades.
Este governo que hoje se inicia tem também um firme compromisso municipalista, que reafirmo perante as lideranças políticas da minha terra. Nasci e me criei no interior, e minha experiência de prefeito de nossa capital confirmou em mim a convicção de que não há desenvolvimento consistente sem a participação integrada e parceira dos municípios.
Recebe das mãos do governador José Reinaldo Tavares esta faixa e as responsabilidades de conduzir o nosso estado. No passado, fomos adversários. Mas o governador José Reinaldo construiu, com alto sacrifício pessoal e político, o caminho para a libertação do Maranhão. Não cabe a mim agradecê-lo. A sua recompensa, governador, é poder hoje mesmo, sair por entre esta multidão na praça com a cabeça erguida do dever cumprido. O seu papel nas atribulações do Maranhão contemporâneo não diminuirá aos olhos da história.
Para aqueles que comigo integrarão o governo, seja a professora na escola, o médico no hospital, o servidor em qualquer órgão público, todos vocês são também fiadores da liberdade e da esperança. O povo é o nosso patrão. É para o povo, especialmente os mais pobres, que devotaremos nosso trabalho de todos os dias.
Rogo a Deus que me dê sua graça para enfrentar as dificuldades, para perdoar as ofensas, para renovar o ânimo, para ser justo, para reconhecer o erro, para perseverar no caminho certo. Disse o poeta que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. È com a alma engrandecida pela confiança de vocês que eu assumo hoje o governo do estado do Maranhão. Muito obrigado.