Abbas declara ilegal força do Hamas em Gaza
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou ilegal no sábado uma força de segurança do Hamas na Faixa de Gaza, depois de uma onda de violência interna, disseram autoridades.
Publicado 06/01/2007 13:54
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou hoje ilegal a milícia do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), a que pertence o primeiro-ministro, Ismail Haniyeh.
O anúncio foi feito à agência palestina de notícias “Wafa” pelo porta-voz do presidente da ANP, o ex-ministro de Cultura e Informação Yasser Abed Rabbo, na cidade de Ramala, sede do Governo.
A milícia, que conta com cerca de 3.000 efetivos, foi criada pelo ministro do Interior do Governo do Hamas, Siad Siam, como “força auxiliar”, significando que opera simultaneamente com as forças de segurança da ANP, formadas em sua maior parte por filiados do movimento Fatah, leais a Abbas.
Abed Rabbo afirmou em nome do presidente que a “força auxiliar” é “ilegal”, e que para isso terá que ficar sob controle dos organismos de segurança vinculados à ANP.
A força ainda não se pronunciou sobre a decisão de Abbas.
O Hamas foi fundado em 1987 pelo xeque Ahmed Yassin, morto há três anos em Gaza em um ataque da aviação israelense, e desde sua criação se tornou um adversário do movimento nacionalista Fatah, do ex-presidente Yasser Arafat, e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), a que nunca se filiou.
A “força auxiliar” é a mesma que na quinta-feira entrou na residência do coronel Mohammed Ghreib, chefe da Segurança Preventiva, no norte de Gaza, matando um de seus filhos e dois guarda-costas.
A milícia do Hamas tinha sido formada há alguns meses por milicianos das Brigadas de Ezzedine al-Qassam, contra a vontade do presidente Abbas, líder da OLP e do Fatah, que na época já tinha declarado que se tratava de um organismo ilegal.
O anúncio feito hoje em Ramala pode desencadear uma nova onda de violência entre os dois grupos e a população, o que poderia desembocar em uma ameaça de guerra civil, de acordo com observadores palestinos na Faixa de Gaza.
As divergências entre o Hamas e o Fatah, de caráter laico, surgiram depois que Arafat reconheceu Israel através dos acordos de Oslo, negociados e assinados na capital norueguesa e referendados em Washinton em 1993, para conseguir a paz entre os dois povos.
A divergência é uma das muitas existentes entre os dois grupos e impede Abbas de formar um Governo de unidade com Haniyeh para solucionar a grave crise em que está imersa a população palestina devido a um boicote internacional contra Hamas.
Os confrontos armados entre os dois grupos, que nos últimos três dias causaram a morte de pelo menos treze milicianos e civis, se intensificaram em Gaza e na Cisjordânia depois que Abbas anunciou, em dezembro, sua intenção de convocar eleições antecipadas.
O Governo do Hamas foi alvo de boicote por parte dos países do Quarteto de Madri – Estados Unidos, União Européia (UE), Rússia e Nações Unidas – por se negar a desarmar sua milícia, a reconhecer Israel como Estado a fim de retomar o processo de paz e a respeitar os acordos assinados pela ANP com o Governo de Tel Aviv em Oslo.
Fonte: EFE