Crítico de Kirchner vai disputar a presidência argentina

Roberto Lavagna, o ex-ministro da economia que é amplamente considerado o “engenheiro” da rápida recuperação econômica da Argentina depois de seu colapso em 2001, anunciou que vai disputar a presidência nas eleições em outubro. Depois que deixou de ser

Lavagna, que foi demitido do gabinete em novembro de 2005 por causa de desacordos com o presidente Néstor Kirchner, criticou a “virada à esquerda” no ano passado. O ex-ministro tem adotado de forma cada vez mais nítida o discurso neoliberal, típico das forças de centro-direita do continente. Guardadas as devidas particularidades, ele poderia ser qualificado como um 'Palocci argentino'.


 


Lavagna tem dito à imprensa que a argentina sofre com crescentes sinais de autoritarismo e uma política econômica que afasta o investimento estrangeiro.


 


Ao concorrer à presidência, Lavagna põe fim a meses de especulação, apesar de Kirchner, de centro-esquerda, ainda não ter esclarecido se vai tentar a reeleição. Os altos índices de aprovação de Kirchner, que algumas empresas de pesquisas colocam acima de 70%, significam que há ampla expectativa de que ele vença as eleições. Se não disputar, é provável que seja substituído por sua mulher, Cristina Fernández, uma senadora influente que também poderia ganhar.


 


Resta ver se a fraca e fragmentada oposição se unirá atrás de Lavagna contra a formidável popularidade do governo. Lavagna disse ao jornal “La Nación” que “seria um erro” ter vários candidatos de oposição. Sem uma oposição unida, Lavagna tem pequenas probabilidades de vencer, diz Sergio Berensztein, um analista político baseado em Buenos Aires.


 


Um aliado chave de Lavagna, que afirma representar o “centro progressista”, seria o principal candidato de centro-direita, Mauricio Macri, dono do time de futebol Boca Juniors. Eles estavam em negociações há vários meses, mas Macri reagiu friamente ao anúncio feito por Lavagna ontem.


 


“Se Lavagna e Macri disputarem em separado, basicamente garantirão a vitória do presidente no primeiro turno da eleição”, disse Berensztein. Se eles unirem seus recursos poderão forçar as eleições a um segundo turno, que seria realizado se o vencedor tiver menos de 45% dos votos sem uma vantagem de 10 pontos. “A única maneira de a oposição ter uma chance é com uma sólida coalizão.”


 


Segundo uma pesquisa recente de Graciela Römer, se houvesse eleições hoje Kirchner venceria com 55% dos votos, enquanto sua mulher receberia 39%. Contra Kirchner, Macri ficaria em segundo lugar com 11,8%, enquanto Lavagna e Elisa Carrió, candidata de centro-esquerda, receberiam ambos mais de 5%.


 


Fonte: Financial Times
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves / UOL Mídia Global