Bahia de alma lavada na festa do Bonfim

Como faz há mais de dois séculos, os baianos dedicaram a segunda quinta-feira do ano à Lavagem do Bonfim. Na verdade, Oxalá. Ontem,(11/1), a festa foi ainda mais empolgante, pois, como dizia o adesivo da

A festa tem origem na devoção ao Nosso Senhor do Bonfim, trazida de Portugal no século XVIII, mas transformou-se numa singular expressão da religiosidade do povo baiano e da sobrevivência heróica das religiões de matriz africana.



A lavagem, em si, surgiu da tradição dos escravos de festejarem a lavagem da igreja do Bonfim, preparando-a para a missa festiva que se realizava nas sextas-feiras. Os negros dedicaram, clandestinamente, a festa da lavagem à Oxalá.



Deste então, a data ficou marcada pelos rituais do candomblé. Tanto é que o centro da festa religiosa se volta para as “baianas”, para as Mães de Santo. A “água de cheiro”, com a qual a escadaria da igreja é lavada, é na verdade “as águas de Oxalá”, preparada de forma ritual na noite anterior. A igreja permanece fechada durante todo o dia.



Dessa vez, os festejos tiveram início com um culto ecumênico na porta da igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, com a participação do governador Jacques Wagner(PT) e do prefeito da capital, João Henrique(PDT). Em seguida, o cortejo começou com as baianas à frente, seguido pelo novo governador da Bahia e autoridades presentes.



A partir daí, todo o trajeto do cortejo, aproximadamente 8 Km, transformou-se em uma grande festa, com bandas de percussão e charangas, puxando gente da terra e turistas até a chamada Colina Sagrada, onde fica a igreja no bairro do Bonfim.



A ala do PCdoB foi uma das mais animadas. Dezenas de pessoas, vestidas com camisetas do partido, sob o lema “construindo uma nova Bahia” e portando bandeiras e faixas, desfilaram pelas ruas, levando muito samba e alegria por onde passaram.
Muitos sindicatos e grupos organizados também participaram da festa. A ausência mais notada foi a do senador ACM, que alegou “outros compromissos” (sic), para não participar da caminhada.