A insustentável posição dos EUA no Iraque

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou neste início de ano uma suposta nova orientação estratégica para a guerra do Iraque. Promoveu um conjunto de alterações no alto comando dos serviços de inteligência nacional, no Departamento de Estado e no ex

A insuspeita rede de televisão americana CNN realizou pesquisa recente que revelou a rejeição de 66% dos entrevistados a esse plano de Bush de aumentar o número de tropas no Iraque com o objetivo de “superar a violência sectária e de atingir a vitória final no conflito”. A esta opinião pública contrária à continuidade da guerra junta-se o famoso escritor inglês de obras sobre espionagem David John Moore Cornwell, mais conhecido como John Le Carré, para declarar em entrevista ao jornal espanhol El Pais que “agora nos pedem, da parte de Toni Blair, para esquecer como se chegou a isto e encontrar uma solução. Não devemos esquecer, é fundamental saber como nos metemos nessa guerra. Porque rompeu todas as regras: foi uma ato de agressão sem precedentes e o público que o apoiou estava enganado”.



O Vermelho também reproduziu outra entrevista com o lingüista americano Noam Chomsky em que o destacado ativista político alerta para o que considera “extremamente perigoso que um Estado se proclame a si mesmo como ‘fora da lei’. Que, veja-se no Iraque, não se sinta vinculado ao direito nem às normas internacionais. E se isto é defendido pelo Estado mais poderoso que existiu na história universal, a ameaça de paz é enorme”.



Já o influente jornal The New York Times, em editorial sobre o ilegal enforcamento de Saddam Hussein, procura mostrar como a forma cruel e anti-constitucional da execução do ex-presidente iraquiano é uma vergonha para a administração Bush que tutela o governo do primeiro ministro Nuri Kamal Al-Maliki, quando insiste em afirmar que foi ao Iraque para implantar a democracia e a justiça. Os chefes de Maliki, Bush e Blair, tentaram se distanciar do enforcamento, mas ambos têm pouca credibilidade sobre como tratar prisioreiros de guerra. Um relato interno do FBI publicado pelo jornal Washington Post descreve um padrão de tratamento a prisioneiros de Guantanamo deliberadamente contrário aos credos religiosos islâmicos, além de ter institucionalizado a utilização da tortura como método legal do Estado para extrair confissões.



No plano doméstico nos EUA avança a capacidade do Pentágono e da CIA de obter informações bancárias e financeiras de cidadãos americanos e estrangeiros instalados no país. Antes estas operações de controle eram realizadas pelo FBI. Agora a própria CIA tem acesso a todas essas informações confidenciais através das chamadas “Cartas de Segurança Nacional”. Desta maneira os órgãos de segurança americanos podem investigar qualquer transação bancária e operações de cartões de crédito, provocando uma série de processos e demandas jurídicas, alegando injustificadas violações de direitos civis. A escalada anticonstitucional ganhou impulso após os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 e com a promulgação da denominada Lei Patriota, ou Patriot Act.



Inúmeros analistas de estratégia militar comparam o desastre anunciado no Iraque à guerra do Vietnã. E os povos do mundo já tiraram suas lições desta experiência histórica. Somente com a ampla mobilização de forças democráticas, patrióticas e progressistas em todos os países e especialmente nos EUA e nos países envolvidos diretamente na guerra, — além da resistência heróica de seu povo — é que conseguirá promover a retirada das tropas estrangeiras do Iraque e assim permitir que os iraquianos, eles próprios, possam reconstruir o país e conquistar a unidade política, econômica e militar para desenvolver a nação.