Candidato da terceira via assume discurso de oposição, mas não fala em vitória

O candidato da terceira via nas eleições para Presidência da Câmara, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), fala sobre sua candidatura como fato importante para qualificar o debate na campanha – ele define a disputa entre Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Ch

 


 


O tucano Gustavo Fruet tem cerca de duas semanas de campanha – a eleição ocorre no dia 1o de fevereiro. E vai esperar até a próxima terça-feira (23) para oficializar a candidatura. Nesta data está marcada a reunião do PSDB para definir apoio a uma candidatura à Presidência. Ele diz que só entra na disputa prá valer com o apoio do seu partido.


 


Em entrevista ao programa Brasília em Debate, da TV Bandeirantes, nesta quarta-feira (17), o candidato tucano concentrou sua fala no ataque a campanha dos dois candidatos – Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), analisando a sua candidatura como fato capaz de “recuperar a discussão e qualificar o debate”.


 


Para Fruet, existe um descontentamento com a linha de disputa, que ele define como “autofágica”. Ele reconhece que “a eleição de colegiado (Mesa Diretora da Casa) é de cachorro grande, com muitas condicionantes e variáveis”. Para entrar na disputa, disse que tem conversado com as lideranças do Partido.


 


Fator de união


 


A candidatura de Fruet, segundo ele mesmo admite, vai contribuir para unidade do Partido que ficou dividido com o anúncio do apoio do PSDB ao candidato do PT, Arlindo Chinaglia, pelo líder Jutahy Magalhães, na semana passada.


 


“O descontentamento dentro do Partido com o anúncio do apoio do PSDB ao Chinaglia permitiu o contraponto”, afirmou, justificando a sua candidatura. Ele admitiu que nunca imaginou disputar o cargo de Presidente da Câmara, muito menos na oposição. 


 


Até terça-feira, o deputado diz que vai manter contato com as principais lideranças do Partido, a quem define como “bicos fortes e bicos grandes”, como os governadores José Serra (SP), Aécio Neves (MG), Yedas Crucis. Ele conta que “houve reação muito forte interna, parecia acomodação do PSDB diante do governo, e o líder marcou nova reunião, com lançamento da candidatura, que pode ser fator de mudança”. Fruet adiantou que “o próprio Jutahy vai defender a candidatura”.


 


Segundo Fruet, “há entendimento de que essa candidatura vai afirmar a unidade e acabar com debate sobre divisão do partido”.


 


Acusações ao governo


 


Fruet não fala sobre uma possível vitória, mas aposta no voto secreto como fator capaz de produzir “uma surpresa”.


 


Para conquistar os votos, ele assume o discurso contra o governo, a quem acusa de usar a Câmara como se fosse “acessório do governo”, afirmou, destacando que “nunca o governo deixou de começar governo com novo ministério, é como se Câmara fosse parte de grande composição”.


 


O candidato tucano também se aproveita do polêmico aumento do salário dos deputados para pautar sua campanha. Ele acredita que muitos deputados não defendem aumento. “Esse momento é de purgação e estabelecer pauta positiva, como a votação das reformas tributária e política, para se reencontrar com a sociedade”, afirma, enfatizando que o assunto do aumento deve ser “congelado”.


 


O tempo de campanha, para ele, é curto, admite, mas afirma que já iniciou contatos com os líderes partidários. “Já comecei a campanha, conversei com o Luciano Castro, líder do PR e todos os líderes, até os que já definiram posição e vou compartilhar com os coordenadores da terceira via”, anunciou, acrescentando que vai priorizar o diálogo com deputados e, a partir de terça, se confirmada a candidatura, vai intensificar os contatos.


 


A terceira via é o movimento que agregou 30 deputados interessados em lançar uma candidatura de oposição, que perdeu o apoio do PSOL com o lançamento do nome do deputado tucano.


 


De Brasília
Márcia Xavier