Disputa de três candidatos “acende luz amarela” na Câmara

O lançamento da candidatura do tucano Gustavo Fruet (PR) à presidência da Câmara dos Deputados tirou o brilho das adesões oficiais do PP e do PTB ao candidato tucano Arlindo Chinaglia (SP), que com isso perdeu o já prometido apoio do PSDB.  Para o de

O apoio da bancada tucana  tinha sido decidido pelo seu líder, Jutahy Magalhães Junior (BA), um parlamentar ligado ao governador José Serra (SP). A decisão foi selada em um movimento rápido, após consulta por telefone à maioria dos seus 66 liderados. No entanto, provocou fortes críticas em seu partido, desde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso até o presidente da sigla, senador Tasso Jereissati (CE) e a ala do ex-governador Geraldo Alckmin (SP).



Nova posição tucana



A insatisfação confluiu para o lançamento de Fruet, em reunião da “terceira via”, ou “grupo dos 30”, como candidato não-comprometido com o governo Lula. Serra declarou apoio nesta terça-feira (16), embora dizendo que não interferirá num assunto da Câmara. Nesta quarta-feira (17), Jutahy recuou e disse na rádio CBN que já comunicou a Chinaglia que sua bancada vai de Fruet. Jutahy disse que Chinaglia foi a primeira pessoa para quem telefonou após saber da decisão.



O deputado baiano afirmou que se “sente à vontade” para defender o novo nome. “Fruet é a candidatura que une o partido”, disse, explicitando, com 24 horas de atraso, sua mudança de rumo. Além de Serra, Fruet já recebeu manifestações de apoio dos governadores tucanos  Aécio Neves (MG), Yeda Crusius (RS) e Cássio Cunha Lima (PB).



O deputado paranaense teve grande visibilidade na mídia durante a CPI dos Correios, em 2005. Sua filiação ao PSDB é recente, antes pertencia à bancada do PMDB.
A decisão tucana deve ser tomada na terça-feira que vem e até lá o partido fica oficialmente em cima do muro. Mas uma candidatura dos seus próprios quadros parece ser a alternativa para uma cisão mais profunda. Jutahy disse que o lançamento de Fruet “é um fato novo, relevante e vamos ter que avaliar todas as suas implicações. Uma coisa é ter Chinaglia, Aldo e uma ‘terceira via’ hipotética. Outra coisa é, agora, ter um nome do partido”, comentou o líder tucano, que passa férias no Espírito Santo.


 
“Trata-se de um fato novo, de um nome do nosso partido, queridíssimo pelos colegas e respeitado pela sociedade. Ele não era candidato quando decidimos apoiar Chinaglia e, por isso, a bancada deve rever a decisão”, aconselhou Jutahy. O acordo PT-PSDB, que agora subiu no telhado, baseava-se em compensações ligadas a interesses estaduais, em especial na Bahia, São Paulo e Minas Gerais.



O presidente do PSDB também se somou ao lançamento do novo nome. “A candidatura de Gustavo Fruet representa a renovação. Seu trabalho na Câmara o credencia a disputar a presidência com uma proposta de resgate da credibilidade da Casa. A candidatura de Fruet dá ânimo novo ao Congresso Nacional”, disse Jereissati, que está em férias na Europa, através de sua assessoria.



Fruet tende a concentrar os votos das bancadas do PPS e do PV, embora não os dos três deputados do PSOL. Ele disse que não firmará compromissos com Aldo Rebelo ou Arlindo Chinaglia para o segundo turno. Mas reconheceu que Aldo, principalmente, espera receber esse apoio caso haja um segundo turno entre os dois nomes da base aliada — hipótese que ganhou força com a nova candidatura. Em off, os apoiadores da “terceira via” acreditam que seu candidato pode chegar a cem votos.



Chinaglia calcula que perdeu 15 votos



A reação inicial de Arlindo Chinaglia foi de subestimar os efeitos eleitorais do novo posicionamento tucano. Apoiadores da candidatura avaliavam nesta quarta-feira que ele não lhe custaria mais de 15 votos, em um universo de 513 deputados. E que o petista manteria 20 votos de deputados do PSDB. Avaliaram que Fruet não é alternativa viável, pois não tem trânsito com o baixo clero nem é de partido da base aliada.



Já o deputado Renato Gasagrande, empenhado na candidatura de Aldo, avalia que o novo quadro “começa a acender uma luz amarela”, com os riscos inerentes à divisão da base governista. Na avaliação de Casagrande, a esta altura da campanha, nem Aldo e nem Chinaglia deve retirar sua candidatura. O deputado capixaba entende, no entanto, que o governo deve interferir na hora certa para fortalecer a reeleição do atual presidente da Casa.



Para o PSB, “uma luz amarela”



Até o lançamento da candidatura de Fruet, a disputa se dava entre dois candidatos da própria base governista – Aldo e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Na avaliação de Casagrande, a esta altura da campanha, nenhum deles deve retirar sua candidatura. O deputado capixaba entende, no entanto, que o governo deve interferir na hora certa para fortalecer a candidatura de Aldo, que tem apoio do PFL, também partido de oposição. “Para o governo, o ideal é que não tivesse polarização entre base e a oposição”, disse Casagrande. “Mas agora começa a acender uma luz amarela”.



Para o deputado, o lançamento de Fruet indica quase uma certeza de que a eleição será decidida em dois turnos. Nesta quarta-feira, Aldo disse que está trabalhando para ganhar no primeiro turno. Também nesta quarta, o PP e o PTB vão reunir suas bancadas para anunciar apoio a Chinaglia.



“A disputa ainda está indefinida e nesse momento a contabilidade dos votos está muito parecida”, afirmou Casagrande. Ele calcula que Aldo teria hoje 225 dos 513 votos.



Para Aldo, a candidatura de Chinaglia é vulnerável. “Eu acho que há muitos flancos descobertos no exército adversário. Há muita vulnerabilidade. Estamos com força firme e concentrada. Minha estratégia é mais eficiente”, disse o candidato à reeleição.



O presidente da Câmara voltou a criticar promessas de cargos que estariam sendo feitas por seu adversário em troca de apoio. “Na condição de candidato que pode ser atingido por esse tipo de movimento, devo censurar (as promessas)”, declarou. E concluiu: “A gente não acredita em tudo, mas desconfia de muita coisa”.



O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, que apóia Aldo, disse que a candidatura Fruet não muda a posição da sua bancada, pois “a candidatura de Aldo representa a instituição”. Para Maia, a adesão formal dos partidos a Chinaglia não significa votos favoráveis a ele. “Quando começa a oferecer cargo no governo, os partidos acabam indo, mas não necessariamente os votos”, avaliou Maia.



Com agências