Aldo recusa ministério e vai até o fim na disputa pela Câmara

Por Paulo de Tarso Lyra, no Valor Econômico Online*
O presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a despeito do esforço de ministros, petistas e alguns integrantes da bancada governista, vai até o plenário como candidato à reeleição. A moeda

Preocupados, aliados históricos, como o PSB e o PCdoB, temem a reedição do esquema fisiológico de alianças que imperou durante os quatro primeiros anos de mandato de Lula.



A sondagem de Dilma Rousseff



No fim de semana, a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, procurou Aldo para uma nova conversa. Aliados do comunista declararam que a ministra estaria preocupada com a sucessão de ofertas de cargos por aliados de Chinaglia, sobretudo na área de infra-estrutura. Teria deixado claro que o Planalto não tinha qualquer envolvimento com a questão. Queria ainda discutir possibilidades para que a disputa terminasse antes do confronto em plenário.



Ouviu, como de costume, a negativa do comunista. Ontem, depois de cerimônia no Planalto, Lula lamentou a falta de acordo: ''Quando você tem dois companheiros que considera como irmãos, como filhos, vocês espera que eles resolvam entre os dois. Quando eles não resolvem, que a democracia, pela sua maioria absoluta, eleja aquele que a Câmara entender que seja melhor''.



A previsão de Eduardo Campos



Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o lançamento de Gustavo Fruet (PSDB-PR) pela terceira via, consolida o segundo turno, que será vencido por Aldo: ''Hoje o quadro é claro de segundo turno. Ele vencerá o segundo turno. Pela minha experiência, já vi de tudo, até pessoas vencendo com um voto'' .



''O PT quer demonstrar ao presidente Lula que ainda é imprescindível, que tem força e prestígio e condições de disputar a hegemonia'' , definiu o presidente do PCdoB, Renato Rabelo (SP). Esse ímpeto rompeu um acordo tácito firmado durante a campanha eleitoral: todos se empenhariam na reeleição de Lula, de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado e de Aldo para a Câmara. Depois do segundo turno presidencial, o PT roeu a corda e espalhou um mal-estar profundo em boa parte da coalizão governista.



Reclamações comunistas e socialistas


 


Comunistas e socialistas vêem com desconfiança os movimentos do PT. Reclamam que as negociações programáticas estão sendo trocadas por promessas pragmáticas. Insinuações de cargos para petebistas, pepistas e pemedebistas soam mal aos ouvidos de antigos parceiros. Vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS) não esconde o desapontamento: ''Eu imaginava que a composição do ministério fosse ser feita de maneira diferente. Se o PT estiver de fato falando em nome do governo, retrocedemos quatro anos. Se não estiver, que haja um sinal inequívoco de reprimenda por parte do Executivo''.



O primeiro passo petista para mostrar força na candidatura de Chinaglia foi selar um pacto com o PMDB. Em troca de apoio, aceitariam pedir votos para que um pemedebista presida a Câmara no biênio 2009/2010. Integrantes da bancada do PMDB sabem que o PT é uma incógnita quando se trata de cumprir acordos, mas acham que os petistas precisam ''entregar a mercadoria prometida''. Caso contrário, o PMDB infernizará o governo Lula, retirará toda a infra-estrutura regional e deixará o PT sem chances concretas de eleger o sucessor de Lula.



Eleição de 2009: interrogações



É justamente isso que tira o sono dos aliados históricos. Para eles, o governo Lula tornou-se refém do PMDB, vendeu a alma ''sem nem ao menos vislumbrar a face do comprador'', declarou um comunista. O PMDB apóia Chinaglia. O PT apoiará quem em 2009? ''Ainda é cedo para discutir nomes na bancada, quem se lançar agora vai se queimar'', disse um pemedebista.



Um dos principais articuladores da candidatura Chinaglia, o deputado eleito Jilmar Tatto (PT-SP) não tem dúvidas de que seu partido vai quitar a dívida com o PMDB. Mas espera que, ao menos, o nome seja consensuado entre os aliados. Para Renato Rabelo, essa relação não é tão simplista: ''O PMDB vai lançar um nome em 2009 para fazer disputa política com o PT e o governo, não há dúvidas''.



* Intertítulos do Vermelho