Partidos se movimentam para derrotar Chinaglia em 2º turno

Um dia após receber a adesão do PP e do PTB, Arlindo Chinaglia (PT-SP) assistiu nesta quinta-feira (18/01) a movimentações contra sua candidatura à presidência da Câmara Federal. Articuladores das campanhas de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Gustavo Fruet (PS

O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), disse que a melhor forma de seu partido ajudar Fruet é forçar mais um turno, mantendo o apoio ao atual presidente, Aldo. Essa estratégia, segundo Agripino, é a única que pode atenuar o favoritismo, ainda absoluto, do candidato petista. ''Sem o apoio do PFL, a candidatura do Aldo se acaba – e isso pode favorecer a eleição do Chinaglia'', opinou o pefelista.


 


A quinta-feira foi marcada, sobretudo, pela confirmação de um debate entre os três deputados. O encontro, a ser transmitido ao vivo pela TV Câmara, ainda não tem data definida, mas deve ocorrer na próxima semana. Além do dia, falta estabelecer também as regras e o formato do debate – o que será feito em conjunto pelos candidatos e seus assessores.


 


Mesmo que o tête-à-tête não seja capaz de, por si só, mudar os rumos da disputa, está cada vez mais claro que o lançamento da candidatura de Fruet revigorou a Câmara. Tanto que lideranças do PSB procuraram o tucano nesta quinta-feira com o propósito de construir uma aliança estratégica para o dia da eleição.


 


Cenários
''Estamos na campanha por Aldo Rebelo, mas sugerimos abrir conversações sobre o segundo turno. Matematicamente, o segundo turno já está sacramentado'', assinalou o deputado eleito Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), um dos escalados para a tarefa de definir as pontes com o Fruet. ''Nós não avançamos no conteúdo, mas temos de iniciar o diálogo''.


 


As conversas sobre uma aliança contra o hegemonismo do PT ainda estão na fase inicial. O objetivo é garantir que o candidato eliminado no primeiro turno apoiará o adversário de Chinagla no segundo. Outros políticos do PSB também telefonaram para Fruet.


 


Segundo relatos, eles pediram que o deputado não entre na disputa como um nome da oposição, pois essa ''polarização'' dificultaria um acordo futuro. Para vencer a eleição na Câmara em um turno só, são necessários 257 votos – a chamada maioria absoluta. Pelas contas dos parlamentares, nem Chinaglia nem Aldo tem tantas adesões declaradas.


 


Por isso, a entrada de Fruet na briga pela presidência da Casa – com o apoio do PSDB – mudou o cenário da disputa. Aldo formou o bloco PCdoB-PSB e conseguiu a adesão do PFL. Chinaglia fechou um acordo entre PT e PMDB e conquistou outros partidos da coalizão, como PP, PTB e PR (fusão do PL com o Prona).


 


O fator PFL
O lançamento de um candidato tucano gerou expectativas de que a oposição se unisse totalmente em torno de Fruet. Mas os líderes do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e no Senado, José Agripino, seguem garantindo a manutenção do apoio a Aldo. ''É preciso respeitar a racionalidade. O compromisso tomado pelo PFL na candidatura de Aldo Rebelo vem de longe'', enfatizou o senador pefelista.


 


Quarta maior bancada na Câmara, o PFL pode ser decisivo para o resultado do pleito. ''Com a candidatura de Gustavo Fruet, o segundo turno está assegurado'', acredita Agripino. ''Se o deputado Gustavo Fruet – que é um excelente candidato -, tivesse sido candidato naquela época, não tenham dúvida que estaríamos com ele.''


 


Agora, diz o senador, o tucano só pode receber o apoio do PFL se for para o turno final. Mas Fruet, embora não espere nenhum apoio institucional do partido no primeiro turno, disse que já manteve conversas diretas com deputados do PFL.


 


O candidato da declarada terceira via (ou ''Grupo dos 30'') trabalha em duas frentes: conversas individuais com parlamentares de praticamente todos os partidos; e diálogo com representações de entidades da sociedade civil, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outras.


 


Bloco de esquerda
A esquerda também se prepara. Para se proteger contra o hegemonismo petista, PSB e PCdoB articulam com PDT e PV a formação de um bloco parlamentar de 77 deputados, que seria a terceira maior bancada da Câmara. O objetivo é garantir para esses partidos uma posição importante na mesa diretora da Casa e o controle de três comissões permanentes.


 


''O bloco fortalece a autonomia dos partidos de esquerda no Legislativo e, mesmo sem estar vinculado à disputa pela presidência, favorece Aldo'', disse Roberto Amaral, presidente em exercício do PSB. Amaral também informou que foi incumbido de fazer as negociações com o presidente do PDT, Carlos Lupi, com quem conversaria ainda esta semana.


 


Para negociar com a direção do PV, ficou responsável o futuro líder do PSB, Márcio França (SP). PDT e PV ainda não decidiram quem vão apoiar para a presidência da Câmara. A criação de um bloco da esquerda, incluindo também o PV, é um antigo projeto do PSB e do PCdoB.


 


Dirigentes socialistas e comunistas avaliaram que o acordo entre PT e PMDB para apoiar Chinaglia criou, finalmente, a ocasião propícia para formar o bloco. ''O PT optou por um acordo com o PMDB'', disse o deputado, e senador eleito, Renato Casagrande (PSB-ES).


 


Correlação
O PMDB elegeu a maior bancada para a Câmara (89 deputados), seguido pelo PT (83) e pelo PSDB (66). São estes os números que contam para a distribuição dos cargos, independentemente de adesões ou baixas nos partidos.


 


A formação do novo bloco de esquerda alteraria esse quadro. O PSB elegeu 27 deputados; o PDT, 24; PCdoB, 13 e PV, 13. Somando as quatro legendas, o bloco teria 77 deputados, superando o PSDB. Pelo critério da proporcionalidade, poderia indicar, por exemplo, o candidato a vice-presidente da mesa diretora.


 


Isoladamente, apenas o PSB tem direito a um cargo na mesa, uma simples suplência. Separados, eles também não indicam presidentes e relatores das estratégicas comissões permanentes.