Evo anuncia que Bolívia terá mais nacionalizações em 2007

A Bolívia nacionalizará as empresas mistas com parceiros multinacionais nas quais seja comprovado corrupção ou descumprimento de investimentos comprometidos. A informação foi anunciada nesta segunda-feira (22/1) pelo presidente Evo Morales, em La Paz.

Em um relatório apresentado ao Congresso, por ocasião de seu primeiro ano na Presidência, o presidente boliviano enumerou os avanços da sua gestão em diferentes áreas, e destacou sua política de controle estatal dos recursos naturais, além do triunfo da nacionalização petrolífera.



Segundo Evo, uma investigação realizada pelo governo encontrou “muitas ilegalidades” em algumas empresas mistas ou capitalizadas, em relação a investimentos e administração.



“Com muita sinceridade, se encontrarmos algumas que não cumprem as leis bolivianas, essas empresas voltarão para as mãos do Estado”, disse Morales.



Das dez companhias capitalizadas, três são petrolíferas já nacionalizadas em 2006, e as demais têm investidores americanos (setor elétrico), chilenos (ferroviário), italianos (telecomunicações) e bolivianos (aviação).



Nacionalizações
Evo nacionalizou o setor petroleiro em maio de 2006, obrigando as empresas a pagarem taxas de até 82% sobre a produção. A medida ainda não foi consolidada por completo, pois as negociações com algumas multinacionais não foram encerradas.



No campo da mineração, o líder boliviano ratificou sua decisão de expropriar empresas que pertenciam ao presidente Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003) e que foram compradas pela suíça Glencore, entre elas a fábrica de fundição Vinto, na região andina.



O presidente boliviano pediu cooperação aos parlamentares para que a empresa volte para o Estado, ao afirmar que sua venda, na década passada, foi fraudulenta.



Reforma agrária
Sobre a reforma agrária, o presidente anunciou que supostos atos de corrupção na titulação de terras serão investigados, uma vez que ele entregou 3,2 milhões de hectares a camponeses gastando US$ 1 milhão, enquanto nos nove anos anteriores, foram gastos US$ 98 milhões para entregar 9 milhões de hectares.



Evo elogiou os programas econômicos aplicados no seu primeiro ano de gestão, elaborados para pôr fim “ao saque dos recursos naturais” e “ao modelo econômico leiloeiro” dos governos anteriores. Também disse que, na integração que está sendo promovida na América do Sul, os recursos naturais “jamais podem estar nas mãos das multinacionais”.



Relação com os EUA
Diante do embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, que assistiu ao ato, Evo defendeu sua decisão de exigir visto a cidadãos norte-americanos, como uma medida recíproca ao tratamento recebido pelos bolivianos, embora tenha afirmado que não se trata de um ato de vingança.



A apresentação do relatório, interrompida diversas vezes pelos aplausos dos seus partidários, durou mais de quatro horas.



Primeiro presidente indígena da história da Bolívia, Evo chegou ao poder com 53,7% dos votos. Ele completou seu primeiro ano como presidente com um respaldo popular de 59%.