Após sentença em Haia, Kirchner quer novo diálogo com Uruguai
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pediu ao Uruguai que retome o diálogo para resolver a disputa sobre as fábricas de celulose, após a decisão judicial da Corte Internacional de Justiça de Haia, contra uma exigência uruguaia.
Publicado 24/01/2007 10:07
“Às vezes as decisões são a favor e às vezes contra. É preciso receber a sentença com uma serena reflexão, e continuar trabalhando para demonstrar que temos uma posição sólida, respeitosa, democrática”, disse o governante argentino.
A Corte de Haia rejeitou nesta terça-feira (23/1) um pedido uruguaio de obrigar a Argentina a impedir os bloqueios de passagens fronteiriças em protesto contra a instalação de fábricas de celulose no Uruguai. A última manifestação começou no dia 20 de novembro.
Por 14 votos a favor e um contra, os juízes da Corte consideraram que os bloqueios das pontes internacionais não criam “um risco iminente ou prejuízo irreparável aos direitos do Uruguai”.
Em maio de 2006, a Argentina denunciou o Uruguai no mesmo tribunal por descumprir o tratado bilateral que regulamenta o uso comum do rio Uruguai. Na localidade de Fray Bentos, no lado uruguaio da margem, está sendo construída uma fábrica da finlandesa Botnia.
Kirchner disse que a reivindicação argentina “não é uma aventura” e sim “uma posição muito justa”. “Nós sempre mantemos nossos braços abertos para nossos irmãos uruguaios. Sempre estamos dispostos ao diálogo”, enfatizou.
Kirchner e o presidente uruguaio Tabaré Vázquez se reuniram a sós pela última vez em Santiago do Chile, em março de 2006, para falar das fábricas de celulose.
Posição uruguaia
Vázquez reafirmou que não retomará o diálogo enquanto durarem os bloqueios. “A decisão de Haia é importante, mas o que nos interessa é encontrar com nossos irmãos uruguaios a capacidade de dialogar e a síntese que nos permita superar com maturidade problemas como este”, disse Kirchner.
Para ele, “é uma capacidade dos povos e dos governos buscar os caminhos para superar problemas”. “Quando não se chega a pontos de acordo, os tribunais decidem. Mas nós não somos intransigentes. Achamos que a conversa deve ser permanente”, acrescentou.
O governante argentino destacou a decisão da espanhola Ence, que planejava construir uma fábrica em Fray Bentos e mudou seu projeto para a localidade uruguaia Pereyra.