Ainda conservador, Copom corta juro em apenas 0,25 ponto
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu em apenas 0,25 ponto percentual o juro básico da economia — a Selic –, que passa a valer 13% ao ano. Não foi estabelecido viés para a taxa. Frustrou-se assim a expectat
Publicado 24/01/2007 20:55
A explicação do BC foi de que os efeitos da redução do juro básico ainda não produziram seu resultado integral e, por isso, a baixa desta vez deveria ser mais comedida. ''Diante das incertezas associadas ao mecanismo de transmissão da política monetária e considerando que os efeitos das reduções de juros desde setembro de 2005 ainda não se refletiram integralmente na economia, o Copom avalia que a decisão contribuirá para aumentar a magnitude do ajuste a ser implementado'', informou uma nota do comitê.
O mercado financeiro fechou o dia dividido quanto à aposta em um corte de 0,25 ponto e outro maior, de 0,5 ponto percentual. No início da semana, a tendência majoritária era para 0,25 ponto. Mas, depois do anúncio do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) pelo presidente Lula, fortaleceu-se a interpretação de que o Banco Central, formalmente subordinado ao Executivo, faria um corte maior para mostrar sintonia com o espírito desenvolvimentista do projeto.
Descontentamentos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua exposição no ato de lançamento do PAC, chegou a fazer uma brincadeira com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: ''Viu, Meirelles, o mercado espera a queda do juro''. O BC, porém, fez-se de desentendido e, mais uma vez, apostou na saída ortodoxa. O próximo encontro do comitê ocorrerá nos dias 6 e 7 de março. Foi a 13ª redução sucessiva da Selic.
Logo após o anúnico desta quarta-feira, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu nota condenando os mem bros do Copom, especialmente a ''falta de coragem que obscurece a mente desses nobres cavalheiros''. O texto foi assinado pelo presidente da entidade, Artur Henrique. Confira-o na íntegra.
Nota oficial da CUT
Decepcionante. Dezenas de notas oficiais emitidas após as decisões do Copom jamais sensibilizaram os integrantes desse restrito comitê, surdo aos apelos dos trabalhadores e do setor produtivo por uma queda acelerada da taxa básica de juros. Nem mesmo o anúncio do PAC, sinalização política do governo federal com vistas ao crescimento, retirou o manto da mesmice e da falta de coragem que obscurece a mente desses nobres cavalheiros. Chega de notas. Queremos mudanças. Os trabalhadores exigem participar ativamente das decisões em torno da política econômica. Pela ampliação e democratização do Conselho Monetário Nacional, já.
Artur Henrique
Presidente nacional da CUT