Peru e Chile dão por superado conflito por limites

Os governos do Peru e Chile deram por superado nesta segunda-feira (29/1) o conflito criado por uma medida chilena que buscava fixar unilateralmente seus limites marítimos e territoriais, com a criação da região de Arica-Parinacota.

Segundo informou a chancelaria peruana, o presidente do Peru, Alan García, falou por telefone com sua colega chilena, Michelle Bachelet. Os dois decidiram dar por superado o incidente diplomático.



O texto ressalta que os líderes reconhecem “a importância de manter a maior fluência e transparência na gestão da relação bilateral” e concordaram que os Governos devem “adotar as medidas necessárias para que este tipo de situação não ocorra no futuro”.



O governo chileno também emitiu um comunicado dando por superado o problema. Segundo a nota, Bachelet e García “reafirmaram seu compromisso e vontade política de continuar avançando rumo à construção de uma relação estável”.



A nova demarcação, declarada na sexta-feira “inconstitucional” pelo Tribunal Constitucional chileno, representava para o Peru uma perda de 19 a 35 mil metros quadrados de território.



Setores divergentes
Nesta segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores peruano, José Antonio García Belaúnde, insistiu na necessidade de definir os limites marítimos com o Chile, ao afirmar que o problema não está resolvido. “Os limites terrestres estão definidos pelo tratado de 1929”, mas “os limites marítimos não”, comentou Belaúnde em declarações à estatal “TV Peru”.



Para o chanceler, as divergências com o Chile, que vêm do fim do século 19, quando o Peru perdeu a Guerra do Pacífico, devem ser tratadas com prudência. O Chile considera que os limites marítimos estão definidos por dois tratados assinados nos anos 50. Mas o Peru argumenta que os acordos só se referem à pesca.



“Apesar da presença de forças e personagens que querem pôr pedras no caminho, a vontade do Governo do Chile esteve acima dessa situação e é a de continuar as boas relações” com o Peru, disse o primeiro-ministro peruano, Jorge del Castillo, segundo a agência oficial “Andina”.



Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado chileno, Roberto Muñoz Barra, negou que exista em seu país uma “mão negra” que pretenda turvar as relações bilaterais com o Peru. “Não existe uma disposição nesse sentido”, acrescentou, em declarações à “TV Peru”.



Este é o primeiro desencontro diplomático com o Chile desde que Alan García assumiu a Presidência do Peru, em julho do ano passado, e anunciou uma aproximação com o país vizinho.