Discurso despolitizado: Clodovil pede “bondade” e reclama de Chinaglia

O deputado federal Clodovil Hernandes (PTC-SP) novamente parou a Câmara dos Deputados, mas desta vez foi com uma bronca: ao discursar pela primeira vez no Plenário da Casa, reclamou da barulheira e conseguiu calar os colegas. Pediu mais bondade e menos

Clodovil fez um discurso curto, para os padrões da Câmara, com menos de 20 minutos. Logo no início, irritou-se com a habitual barulheira dos parlamentares e disparou: “Eu não sei o que é essa palavra, decoro parlamentar, ainda mais com esse barulho. Parece um mercado. Isso aqui é a Casa do povo. Não entendo tanto barulho. Nem na TV, que é popular, é assim”, criticou.


 


Com esse pito, o Plenário ficou quase em silêncio absoluto, algo raro. Ao continuar a leitura de seu discurso, ressaltou a necessidade de mais bondade não só entre parlamentares, mas no País, de forma geral. “No Brasil em que vivemos, esta disposição pode parecer utopia, ingenuidade ou até mesmo uma atitude dispensável, mas tenho certeza que não é”, afirmou Clodovil.


 


Depois, leu um trecho conclamando os colegas a serem mais humildes, e a procurarem mais Deus, em vez de riquezas materiais. Quando disse de improviso que quando a pessoa morre só leva a alma, e ficam na terra os bens materiais, ironizou o colega Paulo Maluf (PP-SP): “Não é mesmo, doutor Paulo Maluf?”.


 


O deputado Maluf não mordeu a isca. Em vez de rebater, preferiu pedir a palavra e elogiar Clodovil. “Não posso deixar de me congratular com Vossa Excelência. O senhor vai ser um dos deputados mais ativos, mais polêmicos e mais respeitados desta Casa”, declarou Maluf.


 


No final do discurso, Clodovil Hernandes pediu empenho aos deputados federais: “Vamos deixar a preguiça de lado, arregaçar as mangas, de preferência com elegância, é claro, e trabalhar de verdade, com a verdade do País, para o povo”, disse.


 


Na última frase, referiu-se novamente à bondade. “Tenho certeza de que ao praticarmos a política com bondade, Brasília nunca mais será a mesma, nem o Brasil. Muito obrigado”.


 


E teve mais. Ao deixar a tribuna onde os deputados fazem discursos, foi cercado pelos jornalistas e disparou uma saraivada de frases ácidas. Primeiramente, reclamou da falta de aplausos. “Não houve aplausos. Acho o Plenário mal-educado”, comentou. A crítica seguinte foi ao interesse dos jornalistas por suas reclamações.


 


“Não estou aqui à toa. Vocês estão cobrindo o quê, fuxico? Vocês estão fazendo matérias do interesse do povo”, alertou. Sobrou até para o presidente recém-eleito da Câmara dos Deputados, que pediu pressa na conclusão do discurso de Clodovil para poder abrir a Ordem do Dia – parte da sessão em que se discutem e votam proposições.


 


“O senhor Chinaglia, que me botou pra fora, é muito mal-educado”, atacou, lembrando que há poucos dias o petista tinha pedido voto humildemente para se eleger ao cargo: “Eu ouvi ele uma hora falando no meu ouvido que queria meu voto. Muito mal-educado. Eu não preciso dele pra nada, eu estrou aqui por desejo das pessoas”, queixou-se Clodovil, acrescentando que “o cargo dele é tão transitório quanto o meu”.


 


“Comigo não vai ter brincadeira, porque não vou deixar”, avisou.


 


Fonte: Último Segundo